CANHOTO DE INGRESSO XXIV: Show de Marcelo Nova e Os Panteras é ponto alto de homenagem a Raul Seixas em SP
O cantor Marcelo Nova e o grupo Os Panteras protagonizaram o ponto alto da homenagem a Raul Seixas realizada neste domingo (3), na edição 2009 da Virada Cultural, evento cultural realizado em diversos pontos da capital paulista. O tributo “20 Anos Sem Raul” aconteceu no palco Estação da Luz e contou com uma maratona de 20 shows durante 24 horas, onde um diverso elenco de artistas releu toda a discografia de Seixas: de “Raulzito e Os Panteras” (1967) até “A Panela do Diabo” (1989), disco gravado em parceria por Nova e Seixas.
Marceleza e os Panteras tocaram temas pinçados do roteiro do show “A Panela do Diabo” -- a despedida de Raul Seixas dos palcos e originalmente encenado antes mesmo do lançamento do disco. O cantor baiano morreria dois dias após a obra chegar oficialmente às lojas.
A performance foi o destaque desta programação especial pois contou com parceiros-chave na trajetória de Raul – Nova foi o último parceiro musical de Seixas, enquanto o trio de músicos baianos veteranos formado por Eládio Gilbraz (guitarra), Mariano Lanat (baixo) e Carleba (bateria) foi o primeiro grupo musical profissional a acompanhá-lo.
Secundado por dois músicos novatos, respectivamente na guitarra solo e teclados, Os Panteras entrou em palco pouco depois das 16h30. E embora Raul Seixas tenha originalmente gravado seu último disco juntamente com Nova e a banda A Envergadura Moral, o trio veterano releu fielmente os arranjos eternizados em disco, ainda que qualquer ensaio sequer tenha sido realizado, conforme o líder do Camisa de Vênus comentou durante o evento.
Antes mesmo da entrada de Marceleza ao palco, o quinteto abriu o espetáculo com “Você ainda pode Sonhar” (versão para “Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles”) e “Prelúdio”, temas populares entre os fãs mais fiéis de Raulzito.
Em seguida, Marcelo Nova se juntou aos demais músicos no clássico da velha guarda do rock’n’ roll “Be-Bop-A-Lula”, tema de Gene Vincent, e cantou temas inesquecíveis para quem acompanhou os estertores da carreira de Raul, tais como “Rock’n Roll”, “Carpinteiro do Universo” e “Século XXI”. Os músicos foram acompanhados pelo coro de um público devoto que, em grande parte, virou a noite celebrando a obra de Seixas. Muitos deles sequer demonstravam cansaço com a maratona, apesar de um ou outro pinguço a dormir como bebê-bado no meio da multidão, como convém à tradição raulseixista.
Nova também remontou à platéia seus primórdios de roqueiro jovem em Salvador e lembrou que Os Panteras foi o primeiro grupo de rock’n roll que ele viu ao vivo na vida, ainda na adolescência. Com o habitual senso de humor satírico, comentou que, na ocasião, ficou fulo da vida, pois os colegas são alguns anos mais velhos e comiam todas as menininhas que ele almejava desfrutar. Mas hoje, roqueiro veterano, Marceleza até agradeceu apropriadamente aos integrantes do grupo. Afinal, o tempo passou, muita estrada rolou e o líder do Camisa tira sarro ao afirmar que “comeria três bucetas” após o show só por causa desses caras.
Picardia raulseixista intacta
A biografia de Seixas, assim como a de Nova, seu único e legítimo sucessor na linhagem histórica do rock baiano, é marcada pelo bom humor. Assim, a picardia não poderia ficar de fora do cardápio: Marceleza chegou a declarar em tom jocoso que o nome original de “Pastor João e a Igreja Invisível” era “Pau no C* de XdXr MXXXdX” – e foi aplaudido entusiasmadamente pela audiência. (N.R.: Agradecimentos a Sue M. por disponibilizar o vídeo na Internet; ASSISTA).
A impagável “Muita Estrela Pra Pouca Constelação”, primeira parceria de Seixas e Marceleza, também foi um dos destaques do show. Vale lembrar que, apesar da memória afetiva de Nova remontar folcloricamente ao momento em que conheceu um ainda adolescente Raulzito nos anos 50, o momento histórico que propiciou a dobradinha entre os dois ícones do rock baiano só aconteceria em meados dos anos 80, na ocasião de uma apresentação do Camisa de Vênus no antigo Circo Voador/RJ: Raul Seixas estava na casa e foi convidado a se juntar ao antigo grupo de Nova para cantar sua clássica “Ouro de Tolo”, cuja releitura oficial a cargo da banda baiana está registrada no álbum “Correndo o Risco” (1986).
O clima saudável de celebração nostálgica era inevitável. E, assim como no programa do show original realizado há mais de 20 anos, a clássica “O Rock das Aranhas” encerrou o roteiro do espetáculo.
Foi uma apresentação memorável, com a maioria dos elementos que marcaram a despedida de Raul Seixas dos palcos. Afinal, sua última turnê apenas exacerbou elementos de destaque de sua discografia, espetáculos onde se podia rir e chorar com a mesma intensidade.
A homenagem a Raul ainda prosseguiu com uma jam session com outros artistas, mas o simbólico grand finale com a apresentação de Marcelo Nova e Os Panteras não poderia ser mais apropriado. Afinal, o encontro amarrou dois momentos distintos da carreira de Seixas: o início, o fim e o meio...
E numa época em que seu contemporâneo Caetano Veloso, um dos mais notórios desafetos de Raul desde os primórdios na Bahia, afirma que “não se inspira mais em mulher alguma, pois sua musa hoje é Lobão” e ainda usa a batida fórmula do placebo de rock em sua obra, a eternidade do legado de Raul Seixas ecoa atemporal na lembrança dos fãs e no revisitar dos clássicos que consolidaram nossa noção bastarda de rock’n roll à moda brasileira. Afinal, como sabemos, ROCK É ROCK MERMO!
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Marceleza e os Panteras tocaram temas pinçados do roteiro do show “A Panela do Diabo” -- a despedida de Raul Seixas dos palcos e originalmente encenado antes mesmo do lançamento do disco. O cantor baiano morreria dois dias após a obra chegar oficialmente às lojas.
A performance foi o destaque desta programação especial pois contou com parceiros-chave na trajetória de Raul – Nova foi o último parceiro musical de Seixas, enquanto o trio de músicos baianos veteranos formado por Eládio Gilbraz (guitarra), Mariano Lanat (baixo) e Carleba (bateria) foi o primeiro grupo musical profissional a acompanhá-lo.
Secundado por dois músicos novatos, respectivamente na guitarra solo e teclados, Os Panteras entrou em palco pouco depois das 16h30. E embora Raul Seixas tenha originalmente gravado seu último disco juntamente com Nova e a banda A Envergadura Moral, o trio veterano releu fielmente os arranjos eternizados em disco, ainda que qualquer ensaio sequer tenha sido realizado, conforme o líder do Camisa de Vênus comentou durante o evento.
Antes mesmo da entrada de Marceleza ao palco, o quinteto abriu o espetáculo com “Você ainda pode Sonhar” (versão para “Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles”) e “Prelúdio”, temas populares entre os fãs mais fiéis de Raulzito.
Em seguida, Marcelo Nova se juntou aos demais músicos no clássico da velha guarda do rock’n’ roll “Be-Bop-A-Lula”, tema de Gene Vincent, e cantou temas inesquecíveis para quem acompanhou os estertores da carreira de Raul, tais como “Rock’n Roll”, “Carpinteiro do Universo” e “Século XXI”. Os músicos foram acompanhados pelo coro de um público devoto que, em grande parte, virou a noite celebrando a obra de Seixas. Muitos deles sequer demonstravam cansaço com a maratona, apesar de um ou outro pinguço a dormir como bebê-bado no meio da multidão, como convém à tradição raulseixista.
Nova também remontou à platéia seus primórdios de roqueiro jovem em Salvador e lembrou que Os Panteras foi o primeiro grupo de rock’n roll que ele viu ao vivo na vida, ainda na adolescência. Com o habitual senso de humor satírico, comentou que, na ocasião, ficou fulo da vida, pois os colegas são alguns anos mais velhos e comiam todas as menininhas que ele almejava desfrutar. Mas hoje, roqueiro veterano, Marceleza até agradeceu apropriadamente aos integrantes do grupo. Afinal, o tempo passou, muita estrada rolou e o líder do Camisa tira sarro ao afirmar que “comeria três bucetas” após o show só por causa desses caras.
Picardia raulseixista intacta
A biografia de Seixas, assim como a de Nova, seu único e legítimo sucessor na linhagem histórica do rock baiano, é marcada pelo bom humor. Assim, a picardia não poderia ficar de fora do cardápio: Marceleza chegou a declarar em tom jocoso que o nome original de “Pastor João e a Igreja Invisível” era “Pau no C* de XdXr MXXXdX” – e foi aplaudido entusiasmadamente pela audiência. (N.R.: Agradecimentos a Sue M. por disponibilizar o vídeo na Internet; ASSISTA).
A impagável “Muita Estrela Pra Pouca Constelação”, primeira parceria de Seixas e Marceleza, também foi um dos destaques do show. Vale lembrar que, apesar da memória afetiva de Nova remontar folcloricamente ao momento em que conheceu um ainda adolescente Raulzito nos anos 50, o momento histórico que propiciou a dobradinha entre os dois ícones do rock baiano só aconteceria em meados dos anos 80, na ocasião de uma apresentação do Camisa de Vênus no antigo Circo Voador/RJ: Raul Seixas estava na casa e foi convidado a se juntar ao antigo grupo de Nova para cantar sua clássica “Ouro de Tolo”, cuja releitura oficial a cargo da banda baiana está registrada no álbum “Correndo o Risco” (1986).
O clima saudável de celebração nostálgica era inevitável. E, assim como no programa do show original realizado há mais de 20 anos, a clássica “O Rock das Aranhas” encerrou o roteiro do espetáculo.
Foi uma apresentação memorável, com a maioria dos elementos que marcaram a despedida de Raul Seixas dos palcos. Afinal, sua última turnê apenas exacerbou elementos de destaque de sua discografia, espetáculos onde se podia rir e chorar com a mesma intensidade.
A homenagem a Raul ainda prosseguiu com uma jam session com outros artistas, mas o simbólico grand finale com a apresentação de Marcelo Nova e Os Panteras não poderia ser mais apropriado. Afinal, o encontro amarrou dois momentos distintos da carreira de Seixas: o início, o fim e o meio...
E numa época em que seu contemporâneo Caetano Veloso, um dos mais notórios desafetos de Raul desde os primórdios na Bahia, afirma que “não se inspira mais em mulher alguma, pois sua musa hoje é Lobão” e ainda usa a batida fórmula do placebo de rock em sua obra, a eternidade do legado de Raul Seixas ecoa atemporal na lembrança dos fãs e no revisitar dos clássicos que consolidaram nossa noção bastarda de rock’n roll à moda brasileira. Afinal, como sabemos, ROCK É ROCK MERMO!
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