O SOM DA MÚSICA: MINHA BANDA PODE SER MINHA VIDA VII

Monday, March 05, 2007

MINHA BANDA PODE SER MINHA VIDA VII

Zelig

"Zelig" é uma música da safra de 1994". Uma exceção vale apenas para a parte final, que acrescentei aos temas originais desde a ocasião de uma demo caseira que fiz em 2004, para apresentar a música aos caras da banda. Originalmente, eu havia pensado nela como um cruzamento entre a ambiência sonora etérea de um Jane's Addiction clássico e alguma coisa das guitarras à moda Sonic Youth. Mas a canção acabou se tornando uma parada diferente com o passar dos anos. Adoro mais a música do que o texto atual, mais afeito ao humorismo, e me chateia pensar que eu já carregava uma música dessas nas minhas demos caseiras desde 1994. Acho que hoje, até mais do que naquela época, ela soa há anos-luz distinta do rock ordinário.

Lembro-me de tê-la apresentado a alguns colegas de Maxambomba ainda naquela época, junto a outras músicas que constavam em minha demo caseira datada de 1994, das quais constam ainda "Peixes de Briga", "Runaway", "Incrustrado no Lodo", temas que chegaríamos a abordar em nossa fase mais assídua de ensaios em 2005. No entanto, acho que boa parte da galera da cidade tinha uma formação musical distinta à heterodoxia com a qual me formei, o que talvez dificultasse um livre intercâmbio de idéias.

Mas beleza, a verdade é que pude amadurecer os temas com o passar dos anos, ao ponto de me dar ao luxo de fazer uma letra metida à engraçada. Só a finalizaria nos anos 2000, simplesmente porque não havia razão para eu concluir músicas novas se não havia a perspectiva de levar um som, o que só viria acontecer a partir do ano seguinte. E resolvi vomitar ironia em relação às minhas mais remotas iniciativas com bandinhas cover de rock na adolescência, ainda no subúrbio.

E acho que o texto cumpre muito bem essa tarefa. Em um metiér em que todo mundo posa de cool, usei tintas de minha própria escrotice para dar o meu recado de uma forma, humm digamos, lírica. A leitura de zilhões de biografias de rock me poupou anos de análise que eu não fiz, me proporcionando o aval que precisava para poder rir de mim mesmo. Ou pelo menos, do bicho escroto que eu me tornava nas apresentações de minhas bandinhas adolescentes. É claro que, com o passar do tempo, eu descambaria em momentos de improváveis metaparódias, muitas das vezes com o intuito de perceber como se dá a reação alheia. Ou melhor, como os outros lidam com o lado escroto de suas próprias almas refletido no espelho.

Enfim, a versão que disponibilizei junto a outras Andaluz Aurora Demos certamente nem é a versão mais legal da música. Dentro do estúdio, improvisei bastante com minhas guitarras em overdub a fim de conseguir uma ambiência mais grotesca dos sons que tiro do instrumento naturalmente. Por isso, pretendo futuramente colocar em prática uma nova versão da música, um lance menos irônico e mais intimista na abordagem do mesmo tema. E aí futuramente tocaríamos esta ou aquela versão de acordo com nossos humores de ocasião, a meu ver uma forma bem honesta de se lidar com facetas distintas de uma mesma moeda.

Texto open-source de Marcus Marçal. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.

CLIQUE AQUI PARA VOLTAR AO ÍNDICE DE SEÇÕES

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home



 

 



Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

Tendo isto em mente, fica mais fácil dialogarmos sobre nossos interesses em comum dispostos aqui, pois o entendimento de parte dos textos contidos neste blog não deve ser feito ao pé da letra. E se você por acaso tiver conhecimento ou mesmo noção das funções da linguagem então poderá usufruir mais adequadamente do material contido neste site, munido de ferramentas de responsabilidade de ordem exclusiva ao leitor.

Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

Aos leitores tradicionais e visitantes ocasionais com flexibilidade de raciocínio, peço minhas sinceras desculpas. Faço esse blá-blá-blá todo apenas para afastar qualquer pessoa com pouca inteligência. Mesmo porque tem tanta gente por aí que domina as normas da língua portuguesa, mas são praticamente analfabetos funcionais...


As seções do blog você encontra ao lado, sempre no post ÍNDICE DE SEÇÕES, e a partir dele fica fácil navegar por este site pessoal intitulado O SOM DA MÚSICA.

Sinta-se livre para expressar quaisquer opiniões a respeito dos textos contidos no blog, uma vez que de nada vale a pena esbravejar opiniões no cyber espaço sem o aval da resposta do interlocutor.

Espero que este seja um território livre para a discussão e expressão de opiniões, ainda que contrárias as minhas, acerca de nossa paixão pela música. Afinal, de nada valeria escutarmos discos, fazermos músicas, lermos textos, irmos a shows e vivermos nossas vidas sem que pudéssemos compartilhar nossas opiniões a respeito disso tudo.

Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


De qualquer forma, sejam todos bem-vindos! Sintam-se como se estivessem em casa.

Caso queira entrar em contato, meu email é marcus.marcal@yahoo.com.br.
Grande abraço!
Powered by Blogger