MINHA BANDA PODE SER MINHA VIDA VII
Zelig
"Zelig" é uma música da safra de 1994". Uma exceção vale apenas para a parte final, que acrescentei aos temas originais desde a ocasião de uma demo caseira que fiz em 2004, para apresentar a música aos caras da banda. Originalmente, eu havia pensado nela como um cruzamento entre a ambiência sonora etérea de um Jane's Addiction clássico e alguma coisa das guitarras à moda Sonic Youth. Mas a canção acabou se tornando uma parada diferente com o passar dos anos. Adoro mais a música do que o texto atual, mais afeito ao humorismo, e me chateia pensar que eu já carregava uma música dessas nas minhas demos caseiras desde 1994. Acho que hoje, até mais do que naquela época, ela soa há anos-luz distinta do rock ordinário.
Lembro-me de tê-la apresentado a alguns colegas de Maxambomba ainda naquela época, junto a outras músicas que constavam em minha demo caseira datada de 1994, das quais constam ainda "Peixes de Briga", "Runaway", "Incrustrado no Lodo", temas que chegaríamos a abordar em nossa fase mais assídua de ensaios em 2005. No entanto, acho que boa parte da galera da cidade tinha uma formação musical distinta à heterodoxia com a qual me formei, o que talvez dificultasse um livre intercâmbio de idéias.
Mas beleza, a verdade é que pude amadurecer os temas com o passar dos anos, ao ponto de me dar ao luxo de fazer uma letra metida à engraçada. Só a finalizaria nos anos 2000, simplesmente porque não havia razão para eu concluir músicas novas se não havia a perspectiva de levar um som, o que só viria acontecer a partir do ano seguinte. E resolvi vomitar ironia em relação às minhas mais remotas iniciativas com bandinhas cover de rock na adolescência, ainda no subúrbio.
E acho que o texto cumpre muito bem essa tarefa. Em um metiér em que todo mundo posa de cool, usei tintas de minha própria escrotice para dar o meu recado de uma forma, humm digamos, lírica. A leitura de zilhões de biografias de rock me poupou anos de análise que eu não fiz, me proporcionando o aval que precisava para poder rir de mim mesmo. Ou pelo menos, do bicho escroto que eu me tornava nas apresentações de minhas bandinhas adolescentes. É claro que, com o passar do tempo, eu descambaria em momentos de improváveis metaparódias, muitas das vezes com o intuito de perceber como se dá a reação alheia. Ou melhor, como os outros lidam com o lado escroto de suas próprias almas refletido no espelho.
Enfim, a versão que disponibilizei junto a outras Andaluz Aurora Demos certamente nem é a versão mais legal da música. Dentro do estúdio, improvisei bastante com minhas guitarras em overdub a fim de conseguir uma ambiência mais grotesca dos sons que tiro do instrumento naturalmente. Por isso, pretendo futuramente colocar em prática uma nova versão da música, um lance menos irônico e mais intimista na abordagem do mesmo tema. E aí futuramente tocaríamos esta ou aquela versão de acordo com nossos humores de ocasião, a meu ver uma forma bem honesta de se lidar com facetas distintas de uma mesma moeda.
Texto open-source de Marcus Marçal. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.
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"Zelig" é uma música da safra de 1994". Uma exceção vale apenas para a parte final, que acrescentei aos temas originais desde a ocasião de uma demo caseira que fiz em 2004, para apresentar a música aos caras da banda. Originalmente, eu havia pensado nela como um cruzamento entre a ambiência sonora etérea de um Jane's Addiction clássico e alguma coisa das guitarras à moda Sonic Youth. Mas a canção acabou se tornando uma parada diferente com o passar dos anos. Adoro mais a música do que o texto atual, mais afeito ao humorismo, e me chateia pensar que eu já carregava uma música dessas nas minhas demos caseiras desde 1994. Acho que hoje, até mais do que naquela época, ela soa há anos-luz distinta do rock ordinário.
Lembro-me de tê-la apresentado a alguns colegas de Maxambomba ainda naquela época, junto a outras músicas que constavam em minha demo caseira datada de 1994, das quais constam ainda "Peixes de Briga", "Runaway", "Incrustrado no Lodo", temas que chegaríamos a abordar em nossa fase mais assídua de ensaios em 2005. No entanto, acho que boa parte da galera da cidade tinha uma formação musical distinta à heterodoxia com a qual me formei, o que talvez dificultasse um livre intercâmbio de idéias.
Mas beleza, a verdade é que pude amadurecer os temas com o passar dos anos, ao ponto de me dar ao luxo de fazer uma letra metida à engraçada. Só a finalizaria nos anos 2000, simplesmente porque não havia razão para eu concluir músicas novas se não havia a perspectiva de levar um som, o que só viria acontecer a partir do ano seguinte. E resolvi vomitar ironia em relação às minhas mais remotas iniciativas com bandinhas cover de rock na adolescência, ainda no subúrbio.
E acho que o texto cumpre muito bem essa tarefa. Em um metiér em que todo mundo posa de cool, usei tintas de minha própria escrotice para dar o meu recado de uma forma, humm digamos, lírica. A leitura de zilhões de biografias de rock me poupou anos de análise que eu não fiz, me proporcionando o aval que precisava para poder rir de mim mesmo. Ou pelo menos, do bicho escroto que eu me tornava nas apresentações de minhas bandinhas adolescentes. É claro que, com o passar do tempo, eu descambaria em momentos de improváveis metaparódias, muitas das vezes com o intuito de perceber como se dá a reação alheia. Ou melhor, como os outros lidam com o lado escroto de suas próprias almas refletido no espelho.
Enfim, a versão que disponibilizei junto a outras Andaluz Aurora Demos certamente nem é a versão mais legal da música. Dentro do estúdio, improvisei bastante com minhas guitarras em overdub a fim de conseguir uma ambiência mais grotesca dos sons que tiro do instrumento naturalmente. Por isso, pretendo futuramente colocar em prática uma nova versão da música, um lance menos irônico e mais intimista na abordagem do mesmo tema. E aí futuramente tocaríamos esta ou aquela versão de acordo com nossos humores de ocasião, a meu ver uma forma bem honesta de se lidar com facetas distintas de uma mesma moeda.
Texto open-source de Marcus Marçal. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.
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