O SOM DA MÚSICA: FRAGMENTOS DE MONOLITO XXI

Wednesday, March 21, 2007

FRAGMENTOS DE MONOLITO XXI

Marcianos invadem a Terra / Life on Mars? / Verve / Cactus

"Diga adeus e atravesse à rua, voamos baixo depois das duas, mas as cervejas acabaram e os cigarros também. Cuidado com a coisa coisando por aí. A coisa coisa sempre e também coisa por aqui. Reflete o seu resgate, envenena a sua atenção. É verbo, substantivo, adjetivo e palavrão. E o carinha do rádio não quer calar a boca e quer o meu dinheiro e as minhas opiniões. Ora, se você quiser se divertir, invente suas próprias canções. Será que existe vida em Marte? Janelas de hotéis, garagens vazias, fronteiras, granadas, lençóis. Existem muitos formatos que só tem verniz e não têm invenção. É exatamente contra aquilo o que sempre lutam e acreditam, é exatamente tudo aquilo o que eles são. Marcianos invadem à Terra, estão inflando o meu ego com ar. E agora que já estou quase voltando, tenho que dobrar mais uma esquina. E mesmo se eu tiver a minha liberdade, não tenho tanto tempo assim. E mesmo que eu tiver a minha liberdade, será que existe vida em Marte?"

"É uma pequena e triste história de amor para a garota com cabelos de rato, mas sua mãe está a gritão NÃO e seu pai já disse a ela para ir embora. Mas seu amigo está em lugar algum que possa ser visto enquanto ela caminha por seu sonho destruído até o assento com a mais clara visão e não tira os olhos da tela cinza. Embora o filme seja de uma melancolia tediosa porque elá o assistira umas dez vezes ou mais, ela pode cuspir nos olhos dos otários enquanto eles pedem a ela que foque seu olhar nos marinheiros se engalfinhando no salão de dança. Oh cara, olhe para esses trogloditas! Vá, é o mais ridículo dos espetáculos. Dê uma olhada no adÊvogado que bate no cara errado. Oh, cara! Me pergunto se um dia ele se dará conta de que está no espetáculo de maior sucesso da atualidade! Há vida em Marte como dizia o nome do programa de televisão inglês nos anos 60? É sobre a fronte torturada da Amérika, Mickey Mouse cresceu uma vaca e agora os operários focam seus esforços em busca da fama porque Lennon está novamente à venda. Veja os ratos em seu milhão de hordas, de Ibiza à Norfolk Broads. O hino patriótico da Inglaterra Imperial é impossível para minha progenitora, meu cachorro e meus palhaços. Mas o filme é uma chatice deprimente porque já o escrevi dez vezes antes e meu testemunhal está novamente para ser escrito enquanto te peço que foque seu olhar nos marinheiros lutadores no salão de danças. Minha nossa! Veja como eles se parecessem homens das cavernas. É o mais bizarro dos espetáculos. Dê uma olhada no adÊvogado que combate o cara errado. Minha nossa! Me pergunto se um dia ele se dará conta de que está no espetáculo de maior sucesso da atualidade..."

"Encapsule o tempo numa canção. Subtraia aritmética da experiência. Ignore toda cronologia. Polaróides piscam em moto-contínuo e o eterno agora já não espera por ti. Projete o que quiser na página em branco, as palavras são tão vazias quanto um balão de gás: apenas as preenchemos de significados, concebidos na inspiração que exala sentido onde habita soberana a expiração... Vivemos todos em um salão de espelhos. Somos platéia e personagem deste monólogo coletivo. Escolha a sua fantasia para este espetáculo. Te sirvas de riso ou lágrima quando se avizinharem os caminhos do dia e da noite. E você pode tentar me usar, cortejar-me a vaidade até atar-me uma camisa-de-força ao inflar meu ego ou mesmo inflacionar meus defeitos expostos em galeria, mas nunca compreenderá a doença dos sonhadores. Esta simplicidade de coração tu não poderás conceber. Sim, as estrelas caem do céu. É você que não olha para cima... Se sonho é porque durmo o sono do justo. Canto uma canção que me seja verdadeira, uma oração que eu não me envergonhe de rezar. O futuro há de vingar o passado pois é nesta atmosfera de sonho que o amanhã vai raiar. O mundo dá voltas, as marés mudam. Cada momento é único, uma vaga no mar. Nada como um dia após o outro. Respire o ar cristalino do devaneio para então poder expirar a sua própria criação..."

"Logo que desponta a Aurora, madrugadora dos dedos róseos que tingem o palatino do céu, teatro da aventura humana, a abóbada se enche de cores em matizes que nunca se repetem. Solerte é um poema marinho o raiar nascente neste mar esplêndido, ancião das águas que jamais se cansa e sai das ondas quando o Sol avança no vasto dorso de onde rompe a Aurora, já que a vida é um eterno agora. E ainda que o Sol da manhã se recusasse a brilhar, daqui ergueria minha chama e assim removeria montanhas, já que a luz que brilha dos teus olhos é o que me guia na escuridão que de suas sombras se despe a noite, velha manta no marulhar das ondas. Eis nossa fé que não nos abandona, nem arrefece o fulgor no olhar da Lua Nova que nos vigia, anjo bom que vela o meu sono pois, se sonho um sono justo, é do poente o oceano em repouso na parábola anciã do mar que se anuncia no horizonte..."

Citação de "Marcianos invadem a Terra", texto de Renato Russo, e tradução open-source não necessariamente literal e sem intuito comercial de "Life on Mars?", texto de David Bowie, seguidas das transcrições de "Verve" e "Cactus", textos de Marcus Marçal. Verve: texto de Marcus Marçal e música de Arthur Kowarski, Daniel Derenusson e Marcus Marçal. Cactus: música e texto de Marcus Marçal. Canções do repertório do grupo Andaluz, da compilação Andaluz Aurora Demos. Andaluz é: Arthur Kowarski (baixo), Daniel Derenusson (bateria) e Marcus Marçal (guitarras, voz e textos). Não é permitida a reprodução destes textos de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.

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Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

Tendo isto em mente, fica mais fácil dialogarmos sobre nossos interesses em comum dispostos aqui, pois o entendimento de parte dos textos contidos neste blog não deve ser feito ao pé da letra. E se você por acaso tiver conhecimento ou mesmo noção das funções da linguagem então poderá usufruir mais adequadamente do material contido neste site, munido de ferramentas de responsabilidade de ordem exclusiva ao leitor.

Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

Aos leitores tradicionais e visitantes ocasionais com flexibilidade de raciocínio, peço minhas sinceras desculpas. Faço esse blá-blá-blá todo apenas para afastar qualquer pessoa com pouca inteligência. Mesmo porque tem tanta gente por aí que domina as normas da língua portuguesa, mas são praticamente analfabetos funcionais...


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Sinta-se livre para expressar quaisquer opiniões a respeito dos textos contidos no blog, uma vez que de nada vale a pena esbravejar opiniões no cyber espaço sem o aval da resposta do interlocutor.

Espero que este seja um território livre para a discussão e expressão de opiniões, ainda que contrárias as minhas, acerca de nossa paixão pela música. Afinal, de nada valeria escutarmos discos, fazermos músicas, lermos textos, irmos a shows e vivermos nossas vidas sem que pudéssemos compartilhar nossas opiniões a respeito disso tudo.

Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


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Caso queira entrar em contato, meu email é marcus.marcal@yahoo.com.br.
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