O SOM DA MÚSICA: ENTREVISTÃO II

Friday, February 09, 2007

ENTREVISTÃO II

"NEM TUDO O QUE RELUZ É PURPURINA, SANTA"
Entrevistão com Brian Molko (PLACEBO)

Esta entrevista eu fiz com o líder do Placebo lá por meados de 2001 para a revista que eu ESCREVIA na época. Foi inclusive publicada originalmente com este título de escriba metido a humorista! Apesar de acompanhar o cenário roqueiro desde que me entendo por gente, não era conhecedor da música do grupo até rolar a possibilidade desta entrevista. Tive uma virada de noite para escutar os discos do Placebo e bolar esta pauta, munida de perguntinhas que hoje considero até meio, digamos, bobinhas... Na época, para não ficar em maus lençóis com os apreciadores da banda, até pedi alguma orientação a três meninas fãs do grupo, que me eram contato constante pela web na época. Cheguei inclusive a propor que a mais fanática, futura jornalista, fizesse a entrevista no meu lugar, pois provavelmente o bate-papo lhe seria mais significativo.

Acabei fazendo eu mesmo a entrevista e encontrei um Brian Molko gente finíssima e com um bom humor contagiante. O tempo destinado ao phoner era de protocolares 20 minutos, mas a prosa estava bacana e prosseguiu por quase uma hora. Nem mesmo as perguntinhas safadas que fiz, inspiradas numa a meu ver caricata histeria coletiva promovida pelo modismo Velvet Goldmine, tiraram o alto astral do cara, mesmo nos momentos em que o assessor de imprensa estrangeiro entrava no meio do papo querendo encerrar a entrevista a qualquer momento, o que não aconteceu. Pois Brian Molko rebatia a linda-dura do colega com notável simpatia. Enfim, se então eu conhecia pouco da obra, na ocasião o artista ganhou minha admiração e acabei por me tornar um apreciador dos discos do Placebo, que na época lançava seu terceiro álbum por aqui.

Ando procurando nos meus arquivos as versões integrais de entrevistas minhas e ainda não achei o texto completo deste entrevistão. Caso não o encontre, a fita está em minhas mãos e qualquer dia pode ser que eu transcreva novamente o bate-papo. O mesmo vale para o texto introdutório original, que qualquer dia eu me disponho a achar no meu Arquivo de Repórter. Segue o melhor da prosa logo abaixo. Divirta-se!


O SOM DA MÚSICA - O som de Black Market Music é como uma mistura de seu primeiro e segundo álbuns, trabalhos bastante distintos entre si. Vocês mesmo falaram que o terceiro álbum do grupo é a última parte de uma trilogia e quero saber se a conclusão dessa empreitada se deu de forma espontânea ou planejada.

BRIAN MOLKO - Bem, uma coisa que acontece em entrevistas é que, algumas vezes, você tem de dizer alguma coisa nova, não importando se você realmente quis dizer aquilo. Particularmente nunca pensei em nossos três álbuns como uma trilogia, sempre os considerei trabalhos distintos. É como se fossem fotografias que demonstram seu estado emocional e espiritual na época em que foram feitas. Acho que aludimos que este álbum talvez poderia ser o final de uma trilogia, talvez almejássemos algo assim, mas não sei bem ao certo. A razão pela qual disse isso foi porque parece que finalmente conseguimos fazer o som que queríamos em nossos dois primeiros álbuns – nos sentimos em condições de concretizar isso em Black Market Music. Levamos seis ou sete anos até chegar a esse nível e nesse caminho cometemos vários erros e várias experimentações para alcançarmos finalmente o que queríamos: um álbum clássico de rock’n’roll. Já tínhamos parte desses elementos em nossos dois primeiros álbuns, especialmente aquele lance pop-punk do primeiro disco e a melancolia do segundo, mas Black Market Music possui outras experimentações musicais em canções como “Taste In Men”, “Spite & Malice” e “Peeping Tom”. É como uma consolidação de tudo o que pretendíamos para os álbuns anteriores, mas na época ficamos na defensiva.

O SOM DA MÚSICA - A diferença entre os letras de Black Market Music em relação aos álbuns anteriores é gritante, apesar de alguns temas serem extremamente depressivos como em Without You I’m Nothing, mas unidos com a energia e revolta do primeiro. Quero dizer, o novo álbum é predominantemente um álbum positivo, com um discurso engajado politicamente – o que é uma novidade nas letras do grupo. Concorda?

BRIAN MOLKO - Certo, acho que isso tem um pouco a ver com amadurecimento, Black Market Music é um álbum muito egoísta porque os temas são sempre a partir de uma perspectiva íntima sobre dor e injustiça – apesar de ser bem mais reativo ao mundo exterior do que supostamente às coisas de foro íntimo. É uma coisa que acontece naturalmente quando você chega aos trinta anos. Nos primeiros álbuns mal tínhamos chegado aos vinte, então obviamente não temos como continuar as mesmas pessoas que éramos aos 28-30 anos. Isso porque você começa a reagir mais ao mundo externo, começa a ficar mais inteirado nas últimas notícias e naturalmente fica mais p*to com isso – o que é diferente de você se forçar a ficar nervosinho o tempo todo. Black Market Music é certamente é um álbum positivo no sentido de que olhamos para o mundo e ficamos possessos com ele, basicamente é isso.

O SOM DA MÚSICA - Pois é, outra diferença em relação à Black Market Music é que você começou a se preocupar com aspectos sociais e políticos da vida cotidiana. Como rolou essa inspiração?

BRIAN MOLKO - Acho que qualquer ato de expressão artística é, em si mesmo, um ato político de certa maneira. Se não o é, então é apenas entretenimento puro e simples – e não arte. Então acho que sempre foi uma constante em nosso trabalho, sempre nos interessamos por questões políticas de caráter sociais e sexuais – e talvez isso se tornou um pouco mais evidente em nosso novo trabalho. Estamos em Londres, temos uma vida por aqui, então fomos afetados por nosso cotidiano enquanto fazíamos esse disco e acho que, provavelmente, por essa razão fizemos um álbum mais humano.

O SOM DA MÚSICA - Tanto é que “Slave to the Wage” é uma canção que bate de frente com o conformismo da vida burguesa, aquela coisa do “para arrumar dinheiro, vou trabalhar num escritório e me frustrar para sempre”. É isso mesmo?

BRIAN MOLKO - Sim, é uma canção sobre você não precisar seguir as regras da sociedade para ser feliz, para alcançar seu sucesso pessoal... E, freqüentemente, é justamente essa estrada que te guiará ao lugar mais compensador. A música fala sobre individualidade, uma canção sobre você batalhar pelos seus sonhos. Quando éramos crianças, e ao passo em que crescíamos, éramos continuamente interpelados pelas pessoas a nossa volta – na escola, igreja ou nossas próprias famílias – que sempre tentavam esmagar nossos sonhos de tentar uma carreira artística. E tivemos que cortar um dobrado para encarar o desafio e continuar nosso caminho. Somos uma prova viva de que não é preciso seguir as regras sociais para você alcançar seu sucesso pessoal, de ser feliz por poder expressar ao mundo sua individualidade. Quero dizer que, se você quer trabalhar em um banco e você é bom nisso ao ponto de obter satisfação pessoal fazendo isso, então faça o que tem de ser feito. Agora, se você tem um sonho, não batalha por ele e não se arrisca... (N.R.: lamenta) Viver é correr riscos, sem eles você não vive! E se você tem um sonho, então deve batalhar por ele e nunca deixar que ninguém foda com seus objetivos. Acho que isso é o mais importante, é o que realmente interessa.

O SOM DA MÚSICA - Uma canção peculiar em seu último álbum é “Spite & Malice”, com um parte rappeada. Podemos esperar o Placebo explorando outros gêneros como o rap no próximo álbum, como acontece nessa música?

BRIAN MOLKO - No que diz respeito ao rap nessa música, você acaba fazendo pelo fato de tentar algo novo. Existe um elemento de hip hop em “Spice & Malice” que rolou mais por acidente do que realmente por nossa vontade. E simplesmente não acreditamos em nos centralizarmos em nossas referências, decidimos que não teríamos um som específico ao qual as pessoas pudessem nos associar. Há uma grande variedade de possibilidades sonoras, uma abertura muito grande – e está tudo certo se respondemos positivamente a uma peça musical que seja expressiva, indiferentemente aos elementos que fazem parte dela. Não calculamos exatamente o que vamos tocar, é um lance bastante instintivo e orgânico – é como se você ouvisse a música que está dentro de você, em vez de fazer uma música que está fora de você. Você tem de fazer é expressar o que vem do seu coração, de sua alma, ao contrário de tentar fabricar algo novo. Me refiro à convicção que o rock’n’roll precisa para se manter vivo. Para a música, em geral, se avançar rumo ao futuro, ela tem de ser alimentada de outros elementos. É dessa forma que ela cresce e foi algo que estávamos interessados em fazer. Quando começamos com a banda, éramos basicamente “baixo-bateria-guitarra” e agora temos várias outras camadas no que fazemos porque simplesmente não queremos nos repetir – então há toda uma nova gama de texturas, influências, experimentações, algo que só faz crescer com o tempo. Acho isso bastante positivo, caso contrário estaríamos apenas repetindo a mesma música eternamente, o que seria tedioso para uma carreira.

O SOM DA MÚSICA - Então você não tem idéia do que poderá ser o próximo álbum do Placebo, certo?

BRIAN MOLKO - Será algo honesto, bastante emocional e, provavelmente, um álbum bastante humano. É só o que posso dizer no momento (risos).

O SOM DA MÚSICA - Com Black Market Music vocês chegaram ao topo das paradas em vários países europeus como França e Grécia, mas isso não aconteceu no continente americano como um todo, apesar de certo sucesso nos EUA e Canadá. Vocês têm algum plano de conquistar a América?

BRIAN MOLKO - Bem, você sabe, sempre dissemos que a América ainda continuará no mesmo lugar daqui há cinco anos. E, de qualquer forma, temos uma aceitação bacana nos EUA. Obviamente não somos um nome tão imponente como Creed ou Limp Biskit, mas temos um razoável culto de seguidores ao qual podemos tocar para 1.000 ou 2.000 se chegarmos hoje à América – temos uma fiel base de fãs por lá. Acho que é por isso que se passássemos mais tempo por lá, seríamos melhor sucedidos. E é o mesmo tipo de atitude que temos para com a Europa, ou seja, tudo tem a ver com turnês e a construção de uma base de fãs por intermédio de boas apresentações nas quais as pessoas se amarrem na sua. Sempre tivemos essa perspectiva global em relação à música, até porque nunca nos sentimos britânicos, então vamos aos lugares onde as pessoas nos convidam, onde sabemos que temos fãs e onde as pessoas nos escutam, não me importa que sejam quinhentos ou cinqüenta – isso que é ainda importante, é desse jeito que você constrói sua carreira. Acredito que construímos as coisas gradualmente, organicamente, caso contrário se você alcança o sucesso muito rapidamente, então você não tem aonde ir, onde recorrer – geralmente você chega ao número um e isso rapidamente desaparece, como se você fosse apenas uma moda descartável, de certo modo. Então acho melhor você construir tudo isso vagarosamente, já que assim seus fãs se tornam fiéis e ficam do seu lado, o que é muito importante já que é assim que você alcança longevidade.

O SOM DA MÚSICA - Agora uma pergunta relacionada à Internet, apesar do bloqueio com o Napster, vários sites e programas similares ainda existem. E você sabe, muito fãs brasileiros do Placebo conheceram a banda pela Internet, então o que você acha da música ser compartilhada por internautas?

BRIAN MOLKO - Não há nada que você fazer contra isso! A tecnologia está lá, absolutamente, e não há nada que possa pará-la. Então o que você fazer? Ficar puto com isso porque isso não vai lhe trazer nada de bom, nem vai te levar a lugar algum? De qualquer forma, ainda acho muito cedo para se falar a respeito se o Napster e esses outros softwares da Internet vão ou não afetar a vendagem de discos – talvez possam até aumentar esse número. Não sabemos, precisamos de mais tempo para entender melhor a situação. Certamente, as bandas serão apresentadas ao público por intermédio da Internet, que depois vão atrás dos discos – então, quer dizer, é algo positivo.

O SOM DA MÚSICA - Elementos visuais possuem um forte apelo junto a seus fãs, especialmente quando vocês apareceram com a banda, e algumas vezes esse apelo é ainda mais forte que o do seu som. Você concorda?

BRIAN MOLKO - Não, absolutamente não! Somos o tipo de banda que quer dar um pacote completo aos nossos fãs – oferecemos música verdadeiramente forte, assim como uma forte imagem e identidade. Mas se você possui uma imagem forte e sua música não é forte o suficiente para se sustentar, então você não passa de um Milli & Vanilli. E esse não é o nosso caso!

O SOM DA MÚSICA - Quando você apareceu com a banda, você usava bastante roupas femininas e quero saber se você costuma usar isso em casa ou se é apenas um elemento cenográfico em seu trabalho.

BRIAN MOLKO - (Brian não fala nada e cai na gargalhada) Olha, quando estou em casa não costumo usar muito, mas não é o caso de eu me vestir de mulher ou me vestir como homem. Comecei a usar roupas femininas simplesmente porque elas caíram bem em mim, sou um cara pequeno. Me vestia mais porque me sentia confortável nelas e liberdade de estar numa banda permite que me explore. Quer dizer, não apareceria desse jeito se não fosse quem eu sou essencialmente, não é bem uma estratégia muito bem calculada para chamar atenção. Estar numa banda te dá essa liberdade, mas é uma jornada rumo ao auto-conhecimento que te leva a isso. E o trabalho com banda me permite a isso, de fazer e vestir coisas que me deixam em posição confortável. Um dia me sinto bem usando um vestido e no outro posso prefiro usar um terno, tudo depende da fase em que estou, de como me estou me sentindo. E uso maquiagem pela mesma razão que as mulheres, para parecerem mais atraentes – é simples, justamente porque me sinto bem assim, seja no modo de me vestir, seja na forma como me apresento.

O SOM DA MÚSICA - Especialmente no início, as pessoas costumavam te confundir com uma mulher, alguns videoclipes até sugeriam isso. Rolava muito isso?

BRIAN MOLKO - Sim, o tempo todo! E ainda costuma acontecer hoje em dia. Por exemplo, ontem estava em um restaurante junto a três outros rapazes e a garçonete perguntou se estava tudo bem com os senhores e “senhoras”. É embaraçoso quando você se dá conta que é realmente um cara, mas isso sempre rola comigo. Não é algo que eu esforce para que aconteça, mas acontece desde que eu era uma criança, então quer dizer que eu já era assim naquela época.

O SOM DA MÚSICA - Você não se sente incomodado?

BRIAN MOLKO - Não, isso tem muito da natureza do desejo. Acho que quando as pessoas vão ao nosso show, nos vêm no palco e pensam que sou uma mulher e percebem que sou atraente, mesmo eu sendo um rapaz, isso faz com que elas se questionem sobre a natureza de seus desejos. Uma coisa que eu acho importante que nosso trabalho vai de encontro a qualquer forma de preconceito, seja ele qual for. Então qualquer coisa que possamos fazer para combater esse tipo de coisa é algo positivo. Basicamente significa não ter medo de ser quem você é, e sim ter orgulho disso. É simples!

O SOM DA MÚSICA - Mas rola da mulherada cair em cima porque você é um rockstar? Como você lida com isso?

BRIAN MOLKO - Rolava antes mesmo de eu entrar na banda, acontecia desde que eu era uma criança. Quando você entra numa banda, acaba se dando conta de que cada clichê do rock’n’roll que você ouviu por aí é verdadeiro, exceto de que é pior do que você pode imaginar. Então acho que todo mundo passa por várias fases, no intuito de aprender e amadurecer, essas coisas. No início de carreira, certamente estávamos muito mais ligados a esse estilo de vida roqueiro. Hoje em dia, a coisa mais importante para nós é fazer o melhor show que pudermos, entregando aos nossos fãs 100% do que podemos. É algo ao qual você pode se comportar sem moralismos, sem se tornar desgostoso consigo mesmo, mas você tem de amadurecer. Me liguei que quando você monta uma banda é porque almeja atenção e fama, e quanto mais famoso você fica, as pessoas começam a te tratar como uma pessoa diferente, como um maldito deus, e se sente cada mais desconfortável em relação a isso. E a substância essencial de seu trabalho se torna ainda mais importante. Não me sinto tão confortável hoje em dia, quando comecei com a banda queria ser a pessoa mais famosa do mundo e agora que sou bastante famoso não me sinto confortável porque passam a não te tratar mais como um ser humano. Isso freqüentemente acontece com muita gente e acho que é o que está rolando com Thom Yorke, quando você vira uma celebridade isso te incomoda mais e mais...

O SOM DA MÚSICA - Se não me engano, David Bowie disse uma vez que você era a filha que ele nunca teve. O que você tem a dizer sobre isso?

BRIAN MOLKO - (rindo à vera) Ele teve uma filha há um ano, então acho que não sou mais “a filha que ele nunca teve” (risos). David foi uma das pessoas que mais nos deu oportunidades no início de carreira, ainda bem cedo excursionamos à beça com ele. Costumávamos tocar para umas duzentas pessoas e quando abrimos para ele tivemos a chance de tocar para cinco, dez mil pessoas. Foi como um batismo de fogo que tivemos de enfrentar ainda muito jovens. Ao sairmos juntos, passarmos um tempo e nos tornarmos amigos de um cara como David Bowie é algo bastante inspirador porque ele é uma lenda e você tem a oportunidade de aprender muito com pessoas assim. Acho que uma das principais coisas que ele nos ensina é como ser um rock star e não um babaca, como ser famoso e ainda se comportar como um ser humano. Outra coisa bacana dele é que David já passou por vários processos de reinvenção, o que o habilitou a manter uma carreira extremamente longa. Certamente, uma grande inspiração!

O SOM DA MÚSICA - Inclusive David Bowie se juntou ao Placebo numa versão ao vivo de “Without You I’m Nothing”, que foi lançada como faixa-extra em algumas versões de Black Market Music e no primeiro single do álbum. Você se sentiu lisonjeado com essa honra?

BRIAN MOLKO - É uma honra enorme ter o privilégio de David Bowie se apaixonar por uma canção que você escreveu! Ele quis participar e é o tipo de coisa que você nunca poderia dizer não. Essa colaboração foi muito bonita da parte dele!

O SOM DA MÚSICA - Você não acha que a androginia é mais um clichê do rock’n’roll, ainda mais porque as grandes gravadoras ganharam dinheiro no passado com figuras como Bowie, Marc Bolan, Iggy Pop e Mick Jagger, então assim é mais fácil para as majors venderem o lance para uma nova geração de consumidores?

BRIAN MOLKO - Bem, é mais ou menos como te disse antes: é um trabalho bastante honesto e a maneira que escolhemos para nos vestirmos é apenas uma expressão do que somos, e não estratégia de marketing calculada para vender um número maior de discos. Se fosse algo desonesto, acho que não teríamos tantas pessoas nos apreciando.

O SOM DA MÚSICA - E quanto ao seu trabalho como ator em Velvet Goldmine?

BRIAN MOLKO - Aceitei o convite porque era muito fã do diretor, Tod Haines, de seu trabalho anterior. E ele não precisou falar muito sobre o tema porque o glam rock não muito importante para nós, o mais bacana era participar de um filme dele, esse era o grande atrativo do lance.

O SOM DA MÚSICA - E qual a sua opinião sobre a atual cena britânica?

BRIAN MOLKO - (rindo) A qual cena você se refere (risos)? Quero dizer, continua como sempre foi: existem bandas que vendem milhões de discos e que não são lá interessantes, enquanto existem várias bandas underground que não vendem muito, mas possuem um trabalho muito, muito interessante. É mais ou menos assim desde os anos 80.

O SOM DA MÚSICA - Todos os álbuns do Placebo possuem faixas não-creditadas, qual a razão de vocês sempre fazerem isso, como uma marca registrada?

BRIAN MOLKO - Geralmente é uma música a qual você é muito ligado, mas que não possui necessariamente uma ligação com o contexto do álbum. É um presente extra para as pessoas e se elas dormirem ao ouvir o disco, a faixa escondida vai acordá-los com certeza.

O SOM DA MÚSICA - Qual a sua opinião sobre Marilyn Manson, outro rock star andrógino, assim como você era bastante no início?

BRIAN MOLKO - Marilyn Manson é meu amigo e gosto muito dele, ele é um artista muito inteligente, seu trabalho é muito significante para a cultura americana e isso também para a britânica. Um cara muito inteligente, praticamente maquiavélico e realmente admiro isso, ele é totalmente incontrolável. E também um cara muito divertido para se tomar um porre (rindo)!

O SOM DA MÚSICA - E os fãs do Placebo podem criar expectativas quanto a um da banda aqui no Brasil?

BRIAN MOLKO - Lá para o final do ano talvez, se tudo der certo vai rolar no final do ano ou no início de 2002. Adoraríamos conhecer o país, nunca estivemos por aí e espero que tudo corra bem.

Texto de Marcus Marçal escrito originalmente em maio de 2001. Não é permitida a reprodução destes textos de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.

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