FRAGMENTOS DE MONOLITO XII
JINGLE - Após caminhar dias e anos, vislumbrou o que tanto almejara. Catou um punhado de lembranças, conteve a euforia. Não se reconheceu nos antigos retratos do passado remoto. Remontou velhas amizades, se indagou até que ponto verdadeiras. Lamentou rancores, redimiu enganos, celebrou a inocência do ontem. Por um instante sorriu, nada tinha a menor importância. O tempo despira a fantasia nos uniformes caricatos e nas emoções sucateadas das vítimas da mídia. Eternamente à procura de um trem que partiu sorrateiro, alheio ao tique-taque surdo de teu relógio atrasado. Algumas vezes se sentiu só e perguntou a si mesmo por quê continua a caminhar nesta estrada perdida. Enquanto sacia a sede, estranho à pressa de quem prossegue ensandecido na certeza cega da mais nova mentira que não se compra. E quando seus sonhos não valem pouco, eles nunca envelhecem. Mas para levá-los adiante, só mesmo sendo um palhaço louco. É aí que você amadurece, não se iguala à corja de hipócritas nem se vende por micharia onde os perdedores alcançam a vitória. Aparte aos modismos, o dinheiro sujo do mafioso banca o ego do iludido, a ostentação do bajulador e a picuinha do invejoso. Inebriados pela vaidade dos aspirantes a gloriosos na imensa fila até serem nocauteados pelo próprio cansaço. Libertados do paraíso ilusório do reclame na tevê. Um céu de diamantes repleto de vagalumes e estrelas de plástico... Pois jovens são cheios de verdades absolutas, afetadas arrogâncias. Quanto mais velhos, menos seguros das próprias certezas. E música é mero item pra bacana empoeirar na sala de estar. No corredor, em direção ao escritório, o carcamano artimanha a megalomania marketeira das farsas e trapaças do mundo do roque, maquinando clones, nossa mais sincera forma de elogio: a rebeldia fake alucinada do rebanho de ovelhas negras desgarradas. Por isso não acredite no que mentem para você o tempo todo. Viva à sua maneira, cante uma canção que fale da sua vida. Comemore toda pujança em meio a uma confraria de alcoólatras. Celebre a alegria da vitória numa euforia melancólica, desencantada. Dispa-se numa só vez dos personagens das noites solitárias: heróis arruinados, superamigos invisíveis e inimigos de infância. Esqueça os que se perderam no tempo, nunca estiveram do seu lado. Realmente nunca acreditaram em você, enquanto você batalhava. Deixe-os lá atrás junto à ladainha de vagabundas e de desafetos. Iguais aos que rastejam em busca da fama para saciarem os egos flácidos nas lendas e histórias dos superfreaks no viés da cultura pop. Não vou negar a mágoa, nem vou negar a dor do factóide roquestrela. Rei da ilusão, rei da multidão, rei da solidão... Mitômano de si mesmo, das legiões imaginárias a lhe povoar a mente. Rei da covardia, senhor da grosseria, mestre da ironia... E se tudo o que já viveste for um filme bem diante de seus olhos, afaga com carinho teu desapego, já que a vida é a matéria dos sonhos...
http://rapidshare.com/files/13639516/Jingle_11_mp3.mp3.html (Jingle - Versão Demo)
BELADONA Há uma fanfarra tocando na minha memória. Não tente captar o olho no furacão, seu ricochete afugenta saltimbancos se te capturar em cheio o olhar. Nem subestime toda simplicidade porque teu coração é o melhor de você... Não ouse tentar domar este cavalo selvagem! Há um filme rodando em minha mente. Compram-te a simpatia com flores de plástico e mudam as regras do jogo sem lhe avisar. Marionete circense de cidade em cidade até perceber-te bancando o tolo. Ignore o canto da sereia... Tu te precavejas da beleza de toda flor selvagem! Há um disco soando em meus ouvidos e, quando a música nos toca a alma, somos os homens mais velhos do mundo: neandertais reinventando a roda, reis da idade da pedra, três garotos imaginários... Nossa banda pode ser nossa vida: pão, circo & canções-de-ninar, anciãos em seus jogos na praça... E a molecada rumo ao show de rock me lembra como tudo começou. Há uma banda pulsando em meu coração...
http://download.yousendit.com/A1709E6C1B7B6307 (Beladona - Versão Demo)
Transcrições de "Jingle" (1995) e "Beladona" (2002), canções de código-fonte aberto. Jingle: texto e música de Marcus Marçal. Beladona: texto de Marcus Marçal e música de Arthur Kowarski, Daniel Derenusson e Marcus Marçal. Canções do repertório do grupo Andaluz, da compilação Andaluz Aurora Demos. Andaluz é: Arthur Kowarski (baixo), Daniel Derenusson (bateria) e Marcus Marçal (guitarras, voz e textos). Não é permitida a reprodução destes textos de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.
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BELADONA Há uma fanfarra tocando na minha memória. Não tente captar o olho no furacão, seu ricochete afugenta saltimbancos se te capturar em cheio o olhar. Nem subestime toda simplicidade porque teu coração é o melhor de você... Não ouse tentar domar este cavalo selvagem! Há um filme rodando em minha mente. Compram-te a simpatia com flores de plástico e mudam as regras do jogo sem lhe avisar. Marionete circense de cidade em cidade até perceber-te bancando o tolo. Ignore o canto da sereia... Tu te precavejas da beleza de toda flor selvagem! Há um disco soando em meus ouvidos e, quando a música nos toca a alma, somos os homens mais velhos do mundo: neandertais reinventando a roda, reis da idade da pedra, três garotos imaginários... Nossa banda pode ser nossa vida: pão, circo & canções-de-ninar, anciãos em seus jogos na praça... E a molecada rumo ao show de rock me lembra como tudo começou. Há uma banda pulsando em meu coração...
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Transcrições de "Jingle" (1995) e "Beladona" (2002), canções de código-fonte aberto. Jingle: texto e música de Marcus Marçal. Beladona: texto de Marcus Marçal e música de Arthur Kowarski, Daniel Derenusson e Marcus Marçal. Canções do repertório do grupo Andaluz, da compilação Andaluz Aurora Demos. Andaluz é: Arthur Kowarski (baixo), Daniel Derenusson (bateria) e Marcus Marçal (guitarras, voz e textos). Não é permitida a reprodução destes textos de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.
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