O SOM DA MÚSICA: FRAGMENTOS DE MONOLITO X

Saturday, December 23, 2006

FRAGMENTOS DE MONOLITO X

O Diâmetro de um Círculo / Nós Somos os Homens Famintos / O Risonho Gnomo / Sujo e Levemente Detonado

"Em uma esquina no passado, eu poderia sentar-me e insultar o primeiro e último patrão. Todas as ruas eram retas e estreitas, os pregadores eram pequenos e amarelos e espalhou-se o rumor de que eu envelhecia rapidamente. Então corri na direção de um monstro que dormia encostado a uma árvore e olhei para ele franzindo o cenho. E o monstro era eu. Bem, eu disse olá e disse olá e perguntei: "por que não?" e respondi "não sei". Por isso perguntamos a um simplório melro mais feliz que nunca e ele riu como um insano e disse com sarcasmo: "Kahlil Gibran". Então gritei para todos os outros até que o dia quase estivesse posto por ter percebido que Deus também é um jovem. Por isso, eu disse "até breve" e acenei um "tchau-tchau" destroçando a minha alma e vendendo a minha mente. Abandonado perto de um novo bordel, eu estava vagamente adormecido. Por isso, minha reputação em casa pareceu travestida e a moral deste mágico encanto negocia minha pele quando Deus pegou a minha lógica para dar um rolê. Ele engoliu seu orgulho e contraiu seus lábios e mostrou-me o cinto de couro à volta de suas ancas. Meus joelhos tremiam, minha cara em chamas, e ele disse: "Nunca mais ficarás por baixo com estas histórias dos Deuses" (Retorna-te, regressa"). Ele acertou o solo, uma caverna apareceu. Cherei a ardente cova do medo e nos precipitamos por várias jardas. Eu disse: "Faça isto novamente, faça isto novamente". Seu nebuloso corpo ondeou no ar, sua boca inchou de amor demoníaco. A serpente e eu, um veneno poderoso. Respira, respira profundamente e, com o cérebro agitado, eu inspirava profundamente. E uma sentinela cuspideira com cauda e cornos esperava por você".

"Eis as notícias. De acordo com o último recenseamento da população mundial, as estatísticas chegaram a um ponto perigoso. Meu Deus! Londres: 15 milhões e 75 mil. Nova Iorque: 80 milhões. Paris: 50 milhões e 30 mil. China: 1000 milhões. Estupefaciante. Eu fundei a minha própria sociedade para libertar o mundo da fecundidade. O mundo será superpopulado, a não ser que tu clames infertilidade. Então quem me pagar uma birita, será meu patrão. Nós não somos teus amigos, não damos a mínima para o que você está dizendo. Nós estamos aqui para vivermos as nossas vidas. Eu proponho que não se paguem taxas ou encargos àqueles que não se sentem invertebrados. O arreio da mula, o chamariz do gado, há apenas um meio de se extender o processo. Então quem me descolar um trago será meu patrão. Cuidado! Cuidado! Estas são as suas atribuições: Quem se sentir culpado por consumir mais do que o permitido será fuzilado e despedaçado. Eu preparo o documento para legalizar o aborto em massa. Nos encarregaremos de uma chacina ou dois infanticídios. Pareces que não me ouves, meu querido. Falo coisas de outro planeta? Deixe-me explicar eu projeto aqui. Te mostrarei como salvarei o mundo ou o deixarei morrer no espaço de um ano. Por que tu me olhas desse jeito? Tu és o patrão! Nós somos os famintos. Não damos a mínima para o que tu dizes, estamos aqui para te comer".

"Eu estava andando pela avenida quando ouvi passos atrás de mim e vi um pequenino homem trajado de verde e cinza se bamboleando por aí. Ele me seguiu até minha casa e sentou-se ao lado da tevê, com suas mãos pequeninas sobre sua pança, rindo e gargalhando ao quartel dos gnomos. 'Eu sou o gnomo risonho e você não pode me capturar', disse o risonho Gnomo. Bem, eu lhe ofereci fungos tostados e um copo de vinho da boca de um leão e depois o coloquei em um trem rumo ao leste. Carreguei sua mala e dei-lhe uma bandeira. 'Ei, de onde você vem?' 'Da terra de ninguém! Ó, sério?'. Pela manhã quando acordei, estava ele sendo à beira da minha cama com seu irmão que se chamada Fred. Ele o trouxe consigo para que pudessem cantar-me uma canção. Vamos ouvi-la, sim! O que é este barulho a tilintar? 'Você não tem um lar para onde ir?' 'Não'. 'Não te ensinaram a cortar o cabelo na escola? Você está parecendo um gnomo rolante'. 'Não, não na Escola Londrina de Economia'. Agora eles passam um tempo lá na chaminé e estamos vivendo de caviar e mel porque eles me roubaram muito dinheiro, escrevendo comédias para programas no rádio. Este é, este é certamente o trabalho de um gnomo. 'Eu sou um risonho gnome e você não me pega', disse o risonho gnomo".

"Espia, espia, garota bonita! Eu sei que tu me vês através de tua janela. Não empine o nariz. Quer dizer, tu bem podes, se precisares. Não serás a primeira, nem a última. Pode lhe forçar a baixar a cabeça, tão longe, a casa do seu pai. E eu sei o que um mequetrefe como eu poderia fazer por você. Eu sou o Creme do Sonho da Grande Utopia e tu és a fagulha nas profundezas da melancolia do banqueiro. Sou um falo na rosca e há sangue em meu nariz e a cicatriz em minha carne apodrece onde os ratos roeram meus ossos. E o alcance de meu olhar está vazio, vendo nada além de dor. E eu continuo a ter ataques do coração doze vezes ao dia. Então agora você poderia dispôr a manhã para passear comigo, bastante maravilhada em como eu estou sujo e, de alguma forma, levemente detonado. Consigo ver o que acontece às minhas costas, meus olhos vêem tomates elétricos no pão de centeio do cartão de crédito. Há crianças nos lavábuos, dando mãos a uma louca e a minha cabeça está repleta de assassinatos onde apenas os matadores esperneiam. Por isso, tu poderias passar a manhã a conversar comigo, bastante impressionada. Olha, eu sou um maluco furioso e de alguma forma levemente detonado. Agora tu foges de tua janela para o vaso de porcelana e está farta de ouvidos ao chão de madeira vermelha. E o braque na tua janela escorrega à tua frente e consome seu ventre. É muito impressionante. Por isso você deveria passar a manhã a mentir ao teu pai, estupefato, sobre este tipo sujo e levemente detonado".

Traduções livres, de código-fonte aberto, de "The Width of a Circle" (1980), "We are the Hungry Men" (1967), "The Laughin Gnome" (1967) e "Unwashed and Somewhat Slightly Dazed" (1969), feitas por Marcus Marçal, sem intuito comercial. Não é permitida a reprodução destas traduções de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail.

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Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

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Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

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Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


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