NOSSA BANDA PODE SER NOSSA VIDA II
THE VIRA-LATA TAPES VOLUME 961
Gravações de dezembro/05 a fevereiro/06: aurora de um verão de sóis abrasadores e chuvas torrenciais que lavam a nossa alma. Aquecimento global e alerta da Defesa Civil. Sol que brilha e chuva que encharca a cidade-shopping de plástico, simulacro do simulacro, onde neandertais reinventam a roda, estranhos numa terra estranha. Por que dissonâncias ornamentadas por barulhos diversos passíveis de escrevermos na pauta para desgosto de acadêmicos musicais e burocratas da mediocridade? O material presente nesta compilação vem sendo talhado em ensaios desde nossos primeiros encontros musicais em 2002, ainda que ecos de sons de jovens guardas de Eras Neolíticas se façam presentes em momentos retratados sob forma de música e texto nestes dois discos. Sem começo nem fim previamente estabelecidos são as canções que tocamos, música é a religião de nossa devoção pagã. Ao vivo, sem platéias, mas também sem edições, nem cortes ou, tampouco, dicas de conselho de marketing: que a trombeta distorcida dos amadores abra espaço nas muralhas das pet-shops. Por enquanto, foda-se! Os vira-latas hão de sempre urinar e defecar no pódio onde os au-aus de dondocas posam para fotos após o cabelereiro. Querem rezar para Anúbis? Muito prazer, nosso nome é Totó! Praguejemos al-al em aceno a Ronnie Cócegas! Venham ver as estrelas de plástico e vagalumes pop ofuscados por nossa falta de interesse aqui perto do mar no calor da acolhedora madrugada. Poderíamos estar tocando não muito longe daqui do litoral onde a força da maré empurra o lodo e a merda que desce das montanhas rumo ao oceano. A praia, cartão postal eterno, rica, sobre a cidade de plástico, é o ponto de partida de antiturnês pelas casas de espetáculo Mocambo Show. Nota: na vala de esgoto a céu aberto saiu há pouco o tupinambá que dizimou Donaldo Disney, que penhorou sua guitarra e a aposentou-a por absoluto desinteresse. Foi um dos que nos ensinou alguns acordes e o que fizemos foi acompanha-lo. Não esqueceremos da câmera embaçada na transmissão via-satélite. Assim algumas destas canções saíram de baús onde algumas delas ali estavam desde os primórdios dos anos 90, quando um de nós se embrenhava no meio do mato para treinar música esquizo, onde ninguém lhe encheria o saco. Seja isto fruto da bondade de quem só quer dissuadir-nos de sermos o que somos nos prometendo um monte de bijuterias como se estas fossem o estrelato genuíno dos diamantes dispostos no céu a quem se disponha a apreciar. Sinceramente, passamos da idade para o concurso de Miss, ok? Ainda que o ambiente nos molde, ele não é tudo. Há uma banda tocando em nossos corações e um soviete brotando nas rachaduras do que se estabeleceu no imaginário pop que não nos representa absolutamente. Operários antes mesmo de sequer anunciar-se nossa porção de artista, só que sem mais-valia e batedor de ponto eletrônico. Assim como o texto é feito a metro e a música segue padrões matemáticos pré-estabelecidos por Assembléia Geral de nossa vontade geral, subjetiva aos humores particulares de cada um de nós. Nossa vira-latice está a anos-luz do fast-food do hit parade musical pop que não engana ninguém.
Texto de Arthur Kowarski e Marcus Marçal originalmente concebido em fevereiro de 2006. Todos os direitos reservados aos autores. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.
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Gravações de dezembro/05 a fevereiro/06: aurora de um verão de sóis abrasadores e chuvas torrenciais que lavam a nossa alma. Aquecimento global e alerta da Defesa Civil. Sol que brilha e chuva que encharca a cidade-shopping de plástico, simulacro do simulacro, onde neandertais reinventam a roda, estranhos numa terra estranha. Por que dissonâncias ornamentadas por barulhos diversos passíveis de escrevermos na pauta para desgosto de acadêmicos musicais e burocratas da mediocridade? O material presente nesta compilação vem sendo talhado em ensaios desde nossos primeiros encontros musicais em 2002, ainda que ecos de sons de jovens guardas de Eras Neolíticas se façam presentes em momentos retratados sob forma de música e texto nestes dois discos. Sem começo nem fim previamente estabelecidos são as canções que tocamos, música é a religião de nossa devoção pagã. Ao vivo, sem platéias, mas também sem edições, nem cortes ou, tampouco, dicas de conselho de marketing: que a trombeta distorcida dos amadores abra espaço nas muralhas das pet-shops. Por enquanto, foda-se! Os vira-latas hão de sempre urinar e defecar no pódio onde os au-aus de dondocas posam para fotos após o cabelereiro. Querem rezar para Anúbis? Muito prazer, nosso nome é Totó! Praguejemos al-al em aceno a Ronnie Cócegas! Venham ver as estrelas de plástico e vagalumes pop ofuscados por nossa falta de interesse aqui perto do mar no calor da acolhedora madrugada. Poderíamos estar tocando não muito longe daqui do litoral onde a força da maré empurra o lodo e a merda que desce das montanhas rumo ao oceano. A praia, cartão postal eterno, rica, sobre a cidade de plástico, é o ponto de partida de antiturnês pelas casas de espetáculo Mocambo Show. Nota: na vala de esgoto a céu aberto saiu há pouco o tupinambá que dizimou Donaldo Disney, que penhorou sua guitarra e a aposentou-a por absoluto desinteresse. Foi um dos que nos ensinou alguns acordes e o que fizemos foi acompanha-lo. Não esqueceremos da câmera embaçada na transmissão via-satélite. Assim algumas destas canções saíram de baús onde algumas delas ali estavam desde os primórdios dos anos 90, quando um de nós se embrenhava no meio do mato para treinar música esquizo, onde ninguém lhe encheria o saco. Seja isto fruto da bondade de quem só quer dissuadir-nos de sermos o que somos nos prometendo um monte de bijuterias como se estas fossem o estrelato genuíno dos diamantes dispostos no céu a quem se disponha a apreciar. Sinceramente, passamos da idade para o concurso de Miss, ok? Ainda que o ambiente nos molde, ele não é tudo. Há uma banda tocando em nossos corações e um soviete brotando nas rachaduras do que se estabeleceu no imaginário pop que não nos representa absolutamente. Operários antes mesmo de sequer anunciar-se nossa porção de artista, só que sem mais-valia e batedor de ponto eletrônico. Assim como o texto é feito a metro e a música segue padrões matemáticos pré-estabelecidos por Assembléia Geral de nossa vontade geral, subjetiva aos humores particulares de cada um de nós. Nossa vira-latice está a anos-luz do fast-food do hit parade musical pop que não engana ninguém.
Texto de Arthur Kowarski e Marcus Marçal originalmente concebido em fevereiro de 2006. Todos os direitos reservados aos autores. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.
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