O SOM DA MÚSICA: NOSSA BANDA PODE SER NOSSA VIDA II

Saturday, September 30, 2006

NOSSA BANDA PODE SER NOSSA VIDA II

THE VIRA-LATA TAPES VOLUME 961

Gravações de dezembro/05 a fevereiro/06: aurora de um verão de sóis abrasadores e chuvas torrenciais que lavam a nossa alma. Aquecimento global e alerta da Defesa Civil. Sol que brilha e chuva que encharca a cidade-shopping de plástico, simulacro do simulacro, onde neandertais reinventam a roda, estranhos numa terra estranha. Por que dissonâncias ornamentadas por barulhos diversos passíveis de escrevermos na pauta para desgosto de acadêmicos musicais e burocratas da mediocridade? O material presente nesta compilação vem sendo talhado em ensaios desde nossos primeiros encontros musicais em 2002, ainda que ecos de sons de jovens guardas de Eras Neolíticas se façam presentes em momentos retratados sob forma de música e texto nestes dois discos. Sem começo nem fim previamente estabelecidos são as canções que tocamos, música é a religião de nossa devoção pagã. Ao vivo, sem platéias, mas também sem edições, nem cortes ou, tampouco, dicas de conselho de marketing: que a trombeta distorcida dos amadores abra espaço nas muralhas das pet-shops. Por enquanto, foda-se! Os vira-latas hão de sempre urinar e defecar no pódio onde os au-aus de dondocas posam para fotos após o cabelereiro. Querem rezar para Anúbis? Muito prazer, nosso nome é Totó! Praguejemos al-al em aceno a Ronnie Cócegas! Venham ver as estrelas de plástico e vagalumes pop ofuscados por nossa falta de interesse aqui perto do mar no calor da acolhedora madrugada. Poderíamos estar tocando não muito longe daqui do litoral onde a força da maré empurra o lodo e a merda que desce das montanhas rumo ao oceano. A praia, cartão postal eterno, rica, sobre a cidade de plástico, é o ponto de partida de antiturnês pelas casas de espetáculo Mocambo Show. Nota: na vala de esgoto a céu aberto saiu há pouco o tupinambá que dizimou Donaldo Disney, que penhorou sua guitarra e a aposentou-a por absoluto desinteresse. Foi um dos que nos ensinou alguns acordes e o que fizemos foi acompanha-lo. Não esqueceremos da câmera embaçada na transmissão via-satélite. Assim algumas destas canções saíram de baús onde algumas delas ali estavam desde os primórdios dos anos 90, quando um de nós se embrenhava no meio do mato para treinar música esquizo, onde ninguém lhe encheria o saco. Seja isto fruto da bondade de quem só quer dissuadir-nos de sermos o que somos nos prometendo um monte de bijuterias como se estas fossem o estrelato genuíno dos diamantes dispostos no céu a quem se disponha a apreciar. Sinceramente, passamos da idade para o concurso de Miss, ok? Ainda que o ambiente nos molde, ele não é tudo. Há uma banda tocando em nossos corações e um soviete brotando nas rachaduras do que se estabeleceu no imaginário pop que não nos representa absolutamente. Operários antes mesmo de sequer anunciar-se nossa porção de artista, só que sem mais-valia e batedor de ponto eletrônico. Assim como o texto é feito a metro e a música segue padrões matemáticos pré-estabelecidos por Assembléia Geral de nossa vontade geral, subjetiva aos humores particulares de cada um de nós. Nossa vira-latice está a anos-luz do fast-food do hit parade musical pop que não engana ninguém.

Texto de Arthur Kowarski e Marcus Marçal originalmente concebido em fevereiro de 2006. Todos os direitos reservados aos autores. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.

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Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

Tendo isto em mente, fica mais fácil dialogarmos sobre nossos interesses em comum dispostos aqui, pois o entendimento de parte dos textos contidos neste blog não deve ser feito ao pé da letra. E se você por acaso tiver conhecimento ou mesmo noção das funções da linguagem então poderá usufruir mais adequadamente do material contido neste site, munido de ferramentas de responsabilidade de ordem exclusiva ao leitor.

Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

Aos leitores tradicionais e visitantes ocasionais com flexibilidade de raciocínio, peço minhas sinceras desculpas. Faço esse blá-blá-blá todo apenas para afastar qualquer pessoa com pouca inteligência. Mesmo porque tem tanta gente por aí que domina as normas da língua portuguesa, mas são praticamente analfabetos funcionais...


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Sinta-se livre para expressar quaisquer opiniões a respeito dos textos contidos no blog, uma vez que de nada vale a pena esbravejar opiniões no cyber espaço sem o aval da resposta do interlocutor.

Espero que este seja um território livre para a discussão e expressão de opiniões, ainda que contrárias as minhas, acerca de nossa paixão pela música. Afinal, de nada valeria escutarmos discos, fazermos músicas, lermos textos, irmos a shows e vivermos nossas vidas sem que pudéssemos compartilhar nossas opiniões a respeito disso tudo.

Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


De qualquer forma, sejam todos bem-vindos! Sintam-se como se estivessem em casa.

Caso queira entrar em contato, meu email é marcus.marcal@yahoo.com.br.
Grande abraço!
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