O SOM DA MÚSICA: NOSSA BANDA PODE SER NOSSA VIDA I

Saturday, September 30, 2006

NOSSA BANDA PODE SER NOSSA VIDA I

"Não ouse tentar domar este cavalo selvagem..."

Tudo começou na data de encerramento da terceira edição de um grande festival realizado na cidade do Rio de Janeiro em 2001. Não foi ali propriamente que esta formação musical iniciou suas atividades, mas calhou de ser a primeira atividade musical entre os três integrantes desta banda. Arthur Kowarski e Marcus Marçal se entediaram com a programação de entrevistas coletivas realizadas com os artistas do festival e deixaram um pouco de lado seus afazeres a fim de curtirem à vera a última noite do evento. Antes de chegarem ao local, fizeram uma parada estratégica na casa do primeiro a fim de reabastecerem as energias. Ali o segundo encontrou uma guitarra Gibson meio deixada de lado, desdentada de cordas e sem alguns de seus componentes. Em se tratando de um de seus maiores fetiches de consumo, não tardou a fazer um test drive no instrumento. Naquele momento, o irmão mais novo de Arthur passeava despreocupadamente pelos cômodos de sua casa e notou o barulho. Sentou-se na bateria de seu irmão mais velho e não tardou a acompanhar o guitarrista durante seus improvisos. Tocaram o que foi possível, mas a semente do grupo fora plantada com a primeira composição em conjunto feita pelo trio. Graças à memória de Arthur, o Andaluz hoje tem a oportunidade de tocar a canção Beladona, um dos temas instrumentais daquela primeira jam. Não apenas tratou de decorar a seqüência de acordes, como também se dispôs a convencer o guitarrista, com quem cursara jornalismo na mesma instituição de ensino, a colocar em prática seus adormecidos projetos de fazer música. Também pudera, depois de ter a paciência de ouvir o amigo falando sobre suas peripécias guitarrísticas durante várias noitadas pelo Rio de Janeiro, o futuro baixista não se furtou a associar-se ao colega na iminente empreitada. Até fecharem o line-up do grupo com o baterista Daniel, os dois ainda levaram algum tempo concebendo mentalmente o que poderia ser a banda que ambos gostariam de ser parte. O baterista juntou-se à dupla inicialmente sem maiores intenções, mas com a rotina regular de ensaios realizados durante anos, ficou bem claro de que se tratava de uma proposta séria, tanto distinta das motivações juvenis das várias bandas formadas com amigos de escola das quais participara até então. A longa jornada de ensaio teve períodos de maior e de menor produtividade, no entanto prevaleceu foi a vontade do trio em fazer música desconectada aos vigentes ditames do comercialismo musical enquanto finalidade em si, que tanto padroniza quanto dilui várias propostas e idealizações artísticas até hoje. Alguns registros do som do grupo já foram realizados, no entanto nenhum deles faz jus ao poderio sonoro do trio ao vivo, tocando de verdade. Daí a concretização desta compilação de gravações de ensaio realizadas de forma rudimentar. Trata-se inicialmente de um verdadeiro FODA-SE aos padrões de apresentação aos quais as bandas se submetem em busca da realização do sonho de se viver de música. Há espaço para ilusões? Quem foi o último nome não-fabricado que seguiu piamente à cartilha e se deu bem? Foi também uma forma barata e rápida de o grupo tentar chamar um pouco a atenção ao seu trabalho antes mesmo de os três integrantes começarem a fazer shows ao vivo, o que se espera em breve deixe de ser mero fruto de nossa imaginação turbinada pela quilometragem homérica em salas de ensaio de todo tipo. Nós também lhe advertimos de que estas gravações são extremamente amadoras, no entanto os verdadeiros apreciadores de música inusitada hão de perceber no som do Andaluz alguma coisa atípica aos padrões de hoje nos fonogramas contidos nestes dois CDs repletos de referências estéticas, sejam elas musicais ou de âmbito extramusical. Portanto, esperamos que você seja o ouvinte que esperamos: aquele que sabe dissociar o embaçado foco oriundo destas despretensiosas gravações das empreitadas do trio de tentar fazer uma música que seja surpreendente ao que seus ouvidos se acostumaram a ouvir. E também que estas canções possam te tocar de alguma forma uma vez que se trata de um trabalho feito mais do que nunca com o coração, pois o que porventura haja de vingar seja fruto de nosso árduo trabalho e do prazer que temos em levar um som, fazer barulho. E não de bajular panelinhas e clubinhos afins.

Texto de Marcus Marçal originalmente concebido em fevereiro de 2006. Todos os direitos reservados ao autor. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.

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Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

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Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

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Espero que este seja um território livre para a discussão e expressão de opiniões, ainda que contrárias as minhas, acerca de nossa paixão pela música. Afinal, de nada valeria escutarmos discos, fazermos músicas, lermos textos, irmos a shows e vivermos nossas vidas sem que pudéssemos compartilhar nossas opiniões a respeito disso tudo.

Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


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Caso queira entrar em contato, meu email é marcus.marcal@yahoo.com.br.
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