O SOM DA MÚSICA: FRAGMENTOS DE MONOLITO IV

Tuesday, September 12, 2006

FRAGMENTOS DE MONOLITO IV

NÓS SOMOS OS MORTOS / CAIU A FICHA
"Hoje alguma coisa mexeu comigo. Olhei para você e admirava-me se visses as coisas como as vejo. As pessoas nos depreciarão e isso hoje mexeu comigo. Nós levamos isso muito a sério o tempo todo. Porque não se importar, basta tu replicar-lhes que mudaste de idéias. Estamos a lutar com os olhos dos cegos levando tudo isso muito a sério. Sentimos que somos o papel que te sufoca todas as noites. Eles dizem-me: "Filho, nós te queremos". É tão ludibriante mas não chega a tanto porque estamos a controlar a nova juventude, ludibria teu mais próximo parentesco porque estás a dançar onde os cães arruinam o escatológico êxtase. Tu és apenas um aliado da legião que rastreia o rei puro, mas aprecio-te nesses sapatos de safada e nesse vestido vaporoso que não deixa rastro. Oh rapazinho, vista-se, pois os sinto chegar sobre trilhos devido a tudo aquilo que testemunhamos. Por tudo aquilo que dissemos, nós somos os mortos. Hoje impressionou-me alguma coisa. Olhei para ti e enumerei todas as vezes que estivemos na cama insistindo no nosso amor pela noite afora sabendo que é justo, sabendo que é correto. Agora espero que alguém venha a se importar em viver no suspiro da esperança a ser partilhada, acreditando nos que descendem de nosso amor. Alguém cuidará, mas no momento somos as afanosas criaturas do hoje reféns da dubiedade do amanhã. O paraíso está no travesseiro e seu silêncio faz embate ao inferno. É um serviço full-time, garantido a te fazer falar. As ruas estão cheias de jornalistas, destinados a serem enforcados e enterrados. E as Cortinas Legendárias são afora extraídas em torno de Baby Bancarrota que te exaure enquanto dormes, é o Teatro dos Financeiros. Conte-os, quinze em volta a uma mesa, Brancos e vestidos para matar. Oh minha suculenta, te acaricies por minhas mãos fazerem tudo menos tremerem. Oh menino, agasalhe-se, pois os sinto chegar sobre carris em razão a tudo aquilo que presenciamos. Por tudo aquilo que declaramos, nós somos os mortos".


Tradução livre de "We are the Dead", texto de David Bowie (1974), com referências a 1984 de George Orwell, destituída de qualquer intuito comercial, feita por Marcus Marçal. Não é permitida a reprodução desta tradução de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via e-mail mailto:marcus.marcal@yahoo.com.br.

"Virtual. Inaudível. Voa certeiro. Sorrateiro. Rápido e mortal. Não existe guerra alguma, apesar de todo esse barulho infernal. É só o capital cruzando o mar. Ele hoje voa muito mais rápido e certeiro que qualquer míssil. E quando volta da missão, tudo o que deixa é terra arrasada pois seu poder destruidor é muito mais fulminante e duradouro... Virtual. Inaudível. Voa certeiro. Sorrateiro. Rápido e mortal..."

Citação de "Caiu a Ficha", texto de 04 (2001), destituída de qualquer intuito comercial.

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Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

Tendo isto em mente, fica mais fácil dialogarmos sobre nossos interesses em comum dispostos aqui, pois o entendimento de parte dos textos contidos neste blog não deve ser feito ao pé da letra. E se você por acaso tiver conhecimento ou mesmo noção das funções da linguagem então poderá usufruir mais adequadamente do material contido neste site, munido de ferramentas de responsabilidade de ordem exclusiva ao leitor.

Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

Aos leitores tradicionais e visitantes ocasionais com flexibilidade de raciocínio, peço minhas sinceras desculpas. Faço esse blá-blá-blá todo apenas para afastar qualquer pessoa com pouca inteligência. Mesmo porque tem tanta gente por aí que domina as normas da língua portuguesa, mas são praticamente analfabetos funcionais...


As seções do blog você encontra ao lado, sempre no post ÍNDICE DE SEÇÕES, e a partir dele fica fácil navegar por este site pessoal intitulado O SOM DA MÚSICA.

Sinta-se livre para expressar quaisquer opiniões a respeito dos textos contidos no blog, uma vez que de nada vale a pena esbravejar opiniões no cyber espaço sem o aval da resposta do interlocutor.

Espero que este seja um território livre para a discussão e expressão de opiniões, ainda que contrárias as minhas, acerca de nossa paixão pela música. Afinal, de nada valeria escutarmos discos, fazermos músicas, lermos textos, irmos a shows e vivermos nossas vidas sem que pudéssemos compartilhar nossas opiniões a respeito disso tudo.

Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


De qualquer forma, sejam todos bem-vindos! Sintam-se como se estivessem em casa.

Caso queira entrar em contato, meu email é marcus.marcal@yahoo.com.br.
Grande abraço!
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