ÁLBUM DE RETRATOS
Novembro de 1987
A memória me leva a um tempo em que brotava aos olhos de quem se dispusesse a enxergar a bruta energia da águia. Para a traiçoeira miopia comum, mera histeria adolescente. Precoce a ao que sequer vivera até então em temporã atenção ao que lhe urgia em turbilhão sensorial, apenas percebeu naquele momento que devia descer o rio apresentado diante de si. A afluência era audiência de gente que conhecia desde a mais tenra idade misturada a coleguismos de safras mais recentes e também a algumas poucas desafeições cuja belicosidade lhe proporcionaria tons até então desapercebidos, mas inestimáveis para uma perspectiva futura. Pouco antes da ribalta, iniciou-se em rito de passagem ao qual sequer levaria em conta por não dissociar a normalidade dos sentidos da própria experiência em questão. Só realmente relembraria muitos anos depois, saudando com um sorriso singelo. Há quem dissesse à época que seu comportamento parecia ali se distinguir do costumeiro. Quanto a isto, achava que era nada menos que mera adrenalina a fluir pelo corpo. Momento solene. Apresentação. A mambembe preparação justificava o inusitado da situação. Saudação atípica. Esbravejo. Volume, que parecia a todos, ensurdecedor em inversa proporção à potência amplificada em duas pequenas caixas de som cadenciada pelo tamborilar de uma bateria sem pratos. Bumbo literalmente chutado. Duas guitarras das mais baratas. Sem distorção, tampouco outros artifícios de efeito. Uma delas mero adereço mudo a decorar o que poderia se passar por deslocada introversão. É engraçado notar que mesmo assim havia quem fizesse o possível para testemunhar o improvável, lançando mão de artifícios que lho permitissem freqüentar restrita comemoração. Talvez porque naquelas alturas só poderia fazer sentido amparado na fantasia de um aparelho de tevê ligado. Ali não haveria de existir enfeite. O baixo azulão em contínua flatulência de freqüências baixas. Isso mesmo, o instrumento peidava graves rudimentares. Bufava a marcação e pautava o que poderia haver de harmônico naquelas levadas. Qual é mesmo o nome daquela clássica sinfonia escatológica? Salieri manuseia o alfabeto numa sopa.
A memória me leva a um tempo em que brotava aos olhos de quem se dispusesse a enxergar a bruta energia da águia. Para a traiçoeira miopia comum, mera histeria adolescente. Precoce a ao que sequer vivera até então em temporã atenção ao que lhe urgia em turbilhão sensorial, apenas percebeu naquele momento que devia descer o rio apresentado diante de si. A afluência era audiência de gente que conhecia desde a mais tenra idade misturada a coleguismos de safras mais recentes e também a algumas poucas desafeições cuja belicosidade lhe proporcionaria tons até então desapercebidos, mas inestimáveis para uma perspectiva futura. Pouco antes da ribalta, iniciou-se em rito de passagem ao qual sequer levaria em conta por não dissociar a normalidade dos sentidos da própria experiência em questão. Só realmente relembraria muitos anos depois, saudando com um sorriso singelo. Há quem dissesse à época que seu comportamento parecia ali se distinguir do costumeiro. Quanto a isto, achava que era nada menos que mera adrenalina a fluir pelo corpo. Momento solene. Apresentação. A mambembe preparação justificava o inusitado da situação. Saudação atípica. Esbravejo. Volume, que parecia a todos, ensurdecedor em inversa proporção à potência amplificada em duas pequenas caixas de som cadenciada pelo tamborilar de uma bateria sem pratos. Bumbo literalmente chutado. Duas guitarras das mais baratas. Sem distorção, tampouco outros artifícios de efeito. Uma delas mero adereço mudo a decorar o que poderia se passar por deslocada introversão. É engraçado notar que mesmo assim havia quem fizesse o possível para testemunhar o improvável, lançando mão de artifícios que lho permitissem freqüentar restrita comemoração. Talvez porque naquelas alturas só poderia fazer sentido amparado na fantasia de um aparelho de tevê ligado. Ali não haveria de existir enfeite. O baixo azulão em contínua flatulência de freqüências baixas. Isso mesmo, o instrumento peidava graves rudimentares. Bufava a marcação e pautava o que poderia haver de harmônico naquelas levadas. Qual é mesmo o nome daquela clássica sinfonia escatológica? Salieri manuseia o alfabeto numa sopa.
Texto de Marcus Marçal
Todos os direitos reservados ao autor. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma, seja ela parcial ou integral, sem permissão prévia. Por favor, contate-me antes via e-mail.
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