ENTREVISTÃO XXIX: Herbie Hancock e Macy Gray voltam ao Brasil e fazem show gratuito em SP neste domingo
26/05/2008 - 17h57
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/05/26/ult89u9097.jhtm
O pianista Herbie Hancock e a cantora Macy Gray promovem seus mais recentes lançamentos --"River: The Joni Letters" e "Big" (ambos de 2007), respectivamente-- em turnê brasileira, que será finalizada com apresentações individuais em evento gratuito neste domingo, 1º de junho, no Espaço Villa-Lobos, em São Paulo.
Antes disso, Macy Gray também se apresenta nesta segunda (26) em São Paulo e no Rio de Janeiro na quinta-feira (29), enquanto Hancock toca no Rio de Janeiro nesta terça (27) e depois toca na quarta-feira (28) em São Paulo.
Hancock e Gray receberam a imprensa em uma coletiva realizada nesta segunda (26) no HSBC Brasil, em São Paulo, onde falaram sobre os atuais rumos de suas carreiras e do show gratuito em São Paulo, entre outros assuntos.
A cantora foi elusiva quanto à possibilidade de os artistas se juntarem ao palco. "Minha expectativa é grande, mas não há nada certo. Talvez apresentemos alguma música juntos, pois já falamos alguma coisa a respeito. Herbie é interessante e definitivamente farei um show diferente, não-programado -- o que vai ser demais. Estou muito animada por cantar para muitas pessoas em um evento gratuito, para pessoas de diferentes estilos de vida. O público brasileiro é muito receptivo à música, o pessoal grita e interage bastante."
Gray estreou em disco com "On How Life Is" (199) e sua música é marcada por um acento moderno de r&b. Sua passagem mais recente pelo país foi em 2004, com shows marcados pela sensualidade de sua voz. No entanto, a cantora deu de ombros ao indagada sobre a possibilidade de se apresentar nua como já fez anteriormente. "Eu tirei minhas roupas no Brasil? Não me lembro disso. Isso tem a ver com seu sentimento e você simplesmente se deixa levar devido à interação com a audiência. Pelo menos, essa é a minha desculpa (rindo). Mas não sei o que poderia acontecer no domingo", brinca.
Herbie Hancock tem uma relação ainda mais longa com o Brasil e sua música. Sua mais recente vinda é ao país foi em 2007 e o pianista destaca sua fascinação pela música local desde a primeira visita em 1968, na ocasião de minha lua-de-mel. "Já vim ao Brasil umas sete ou oito vezes, a primeira vez foi há 40 anos. Naquela época, Eumir Deodato soube que estava no Brasil e trouxe Milton com seu violão. Enlouqueci com a beleza de suas harmonias e sensibilidade e foi o começo de uma longa relação com o país e de uma série de gravações no decorrer dos anos. Milton captura o coração do Brasil, assim como Jobim. Aprendi algumas coisas com Milton sobre harmonias, mas o mais importante é sobre sensibilidade e coração. Isso é o que encontro de mais notável na música e no povo brasileiro", destacou.
Hancock é um dos principais responsáveis pela evolução da linguagem do jazz e sempre apontou novas possibilidades artísticas ao gênero em seus mais de 35 discos. Incorporou novas referências ao jazz por meio de efeitos como wah wah e câmara de eco à sonoridade característica do piano elétrico. Nos anos 60, foi integrante do quinteto de Miles Davis, junto a Wayne Shorter (sax tenor), Ron Carter (contrabaixo) e Tony Williams (bateria). Nos anos 70, montou grupos legendários como Headhunters e VSOP, sempre acompanhado por exímios instrumentistas. Nos 80, apadrinhou o trumpetista Wynton Marsalis e trabalhou em diferentes projetos musicais, inclusive a trilha do filme "'Round Midnight", o que lhe valeu um Oscar.
Para um instrumentista sempre ligado a novas formatações do jazz, acostumado a se apresentar para audiências com faixa etária que vária de dez a 70 anos, o artista dá seu parecer sobre os fatores responsáveis por seu rejuvenescimento. "O futuro do jazz é determinado pela iniciação de novas pessoas no gênero. Caso contrário, o gênero envelhece e morre, como acontece conosco. E jazz tem a ver com a liberdade do espírito humano, que é improvisar - não é sobre competição, mas sobre compartilhar idéias. Nos importamos com a música e não estamos nessa por questões financeiras. O jazz tem uma atmosfera muito ampla, enquanto a música pop é muito restrita, pois se repete o mesmo que se faz em disco. Mas com o jazz é justamente o oposto", compara.
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/05/26/ult89u9097.jhtm
O pianista Herbie Hancock e a cantora Macy Gray promovem seus mais recentes lançamentos --"River: The Joni Letters" e "Big" (ambos de 2007), respectivamente-- em turnê brasileira, que será finalizada com apresentações individuais em evento gratuito neste domingo, 1º de junho, no Espaço Villa-Lobos, em São Paulo.
Antes disso, Macy Gray também se apresenta nesta segunda (26) em São Paulo e no Rio de Janeiro na quinta-feira (29), enquanto Hancock toca no Rio de Janeiro nesta terça (27) e depois toca na quarta-feira (28) em São Paulo.
Hancock e Gray receberam a imprensa em uma coletiva realizada nesta segunda (26) no HSBC Brasil, em São Paulo, onde falaram sobre os atuais rumos de suas carreiras e do show gratuito em São Paulo, entre outros assuntos.
A cantora foi elusiva quanto à possibilidade de os artistas se juntarem ao palco. "Minha expectativa é grande, mas não há nada certo. Talvez apresentemos alguma música juntos, pois já falamos alguma coisa a respeito. Herbie é interessante e definitivamente farei um show diferente, não-programado -- o que vai ser demais. Estou muito animada por cantar para muitas pessoas em um evento gratuito, para pessoas de diferentes estilos de vida. O público brasileiro é muito receptivo à música, o pessoal grita e interage bastante."
Gray estreou em disco com "On How Life Is" (199) e sua música é marcada por um acento moderno de r&b. Sua passagem mais recente pelo país foi em 2004, com shows marcados pela sensualidade de sua voz. No entanto, a cantora deu de ombros ao indagada sobre a possibilidade de se apresentar nua como já fez anteriormente. "Eu tirei minhas roupas no Brasil? Não me lembro disso. Isso tem a ver com seu sentimento e você simplesmente se deixa levar devido à interação com a audiência. Pelo menos, essa é a minha desculpa (rindo). Mas não sei o que poderia acontecer no domingo", brinca.
Herbie Hancock tem uma relação ainda mais longa com o Brasil e sua música. Sua mais recente vinda é ao país foi em 2007 e o pianista destaca sua fascinação pela música local desde a primeira visita em 1968, na ocasião de minha lua-de-mel. "Já vim ao Brasil umas sete ou oito vezes, a primeira vez foi há 40 anos. Naquela época, Eumir Deodato soube que estava no Brasil e trouxe Milton com seu violão. Enlouqueci com a beleza de suas harmonias e sensibilidade e foi o começo de uma longa relação com o país e de uma série de gravações no decorrer dos anos. Milton captura o coração do Brasil, assim como Jobim. Aprendi algumas coisas com Milton sobre harmonias, mas o mais importante é sobre sensibilidade e coração. Isso é o que encontro de mais notável na música e no povo brasileiro", destacou.
Hancock é um dos principais responsáveis pela evolução da linguagem do jazz e sempre apontou novas possibilidades artísticas ao gênero em seus mais de 35 discos. Incorporou novas referências ao jazz por meio de efeitos como wah wah e câmara de eco à sonoridade característica do piano elétrico. Nos anos 60, foi integrante do quinteto de Miles Davis, junto a Wayne Shorter (sax tenor), Ron Carter (contrabaixo) e Tony Williams (bateria). Nos anos 70, montou grupos legendários como Headhunters e VSOP, sempre acompanhado por exímios instrumentistas. Nos 80, apadrinhou o trumpetista Wynton Marsalis e trabalhou em diferentes projetos musicais, inclusive a trilha do filme "'Round Midnight", o que lhe valeu um Oscar.
Para um instrumentista sempre ligado a novas formatações do jazz, acostumado a se apresentar para audiências com faixa etária que vária de dez a 70 anos, o artista dá seu parecer sobre os fatores responsáveis por seu rejuvenescimento. "O futuro do jazz é determinado pela iniciação de novas pessoas no gênero. Caso contrário, o gênero envelhece e morre, como acontece conosco. E jazz tem a ver com a liberdade do espírito humano, que é improvisar - não é sobre competição, mas sobre compartilhar idéias. Nos importamos com a música e não estamos nessa por questões financeiras. O jazz tem uma atmosfera muito ampla, enquanto a música pop é muito restrita, pois se repete o mesmo que se faz em disco. Mas com o jazz é justamente o oposto", compara.
Contatos pelo email marcus.marcal@uol.com.br
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home