ENTREVISTÃO V: Roger Glover, do Deep Purple, fala da inspiração para "Smoke on the Water"
20/02/2008 - 12h48
Roger Glover, do Deep Purple, fala da inspiração para "Smoke on the Water"
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/02/20/ult89u8582.jhtm
O baixista do Deep Purple, Roger Glover, conta a história da criação de "Smoke on the Water", um dos maiores hinos do rock, em entrevista a UOL Música. Leia entrevista com Roger Glover sobre a turnê brasileira do Deep Purple.
Ouça trecho da entrevista e leia mais abaixo a tradução:
UOL - "Smoke on the Water" é um dos mais notáveis riffs de guitarra em todos os tempos e a canção foi inspirada por um incêndio em um concerto de Frank Zappa em Montreux. É verdade que você sonhou com o nome da música?
Roger Glover - Sim, mas não foi bem um sonho. Eu simplesmente acordei na cama naquele momento em que você tem consciência de que está vivo e seus olhos ainda estão fechados. Uma coisa ímpar aconteceu. Estava sozinho no quarto, foi um ou dois dias após o incêndio, e quando despertei, ouvi a mim mesmo dizendo estas palavras. Então abri meus olhos e me dei conta de que havia dito alguma coisa. Foi o que eu disse antes, simplesmente falei: "Smoke on the Water" ("Fumaça na Água"). Então, bem, eu acho que veio de um sonho. Eu não sei exatamente se foi isso! Isto certamente surgiu quando eu estava entre dormindo e acordado. E, de fato, nós não usamos a idéia por várias semanas. Trabalhamos em outras canções, como "Lazy" e "Pictures of Home", coisas assim. E aí nós tínhamos esta canção com este riff, que sequer achávamos bacana. Era um tempo em andamento médio, monótono. "Então está OK", eu disse, "vamos tentar finalizá-la com as palavras que me vieram à mente, talvez pudesse se tornar uma canção sobre o que nos aconteceu aqui em Montreux". E foi assim que fizemos.
Nós estávamos prestes a gravar. Queríamos gravar um álbum em uma situação ao vivo e não em estúdio. Mas era muito difícil encontrarmos um lugar onde se pudesse gravar por três ou quatro semanas, sem que fôssemos interrompidos. Em Montreux, no Casino... É um prédio grande, não é exatamente só um cassino, tem restaurantes, boates e bares. Também tem um teatro, com capacidade para três a quatro mil lugares e nós já havíamos tocado lá anteriormente. Muitas bandas tocaram lá, é uma parada obrigatória das turnês. E nós conseguimos o lugar por três semanas... E de graça, o que foi ótimo!
Quando chegamos em Montreux, nós fomos recebidos por Claude Nobs, que organiza tudo o que envolve o cassino. E dissemos: "não vemos a hora de gravar o álbum incomum, em uma situação que não seja em um estúdio". Ele disse que sim, mas que também havia um problema: "Há um show agendado, antes que vocês coloquem seus equipamentos. É amanhã à tarde, com Frank Zappa & The Mothers of Invention. E vocês estão convidados!" Dissemos OK, todos nós somos grandes fãs de Frank Zappa, um cara muito talentoso. Então todos nós fomos ao show, que começou umas 15h. E no decorrer de uma hora de show, havia faíscas saindo do teto. Ninguém sabia o que estava acontecendo e todo mundo teve que sair por precaução. Então a música parou e todos saíram.
Eu voltei porque estava procurando o restante da minha banda. Me recordo de estar em pé em frente ao palco, olhando o equipamento do Frank Zappa, mas a essa hora não havia mais ninguém lá dentro. E eu olhava para a bateria, suas guitarras e o sintetizador. Eu nunca havia visto um sintetizador antes, era música de vanguarda daquela época. Não havia ninguém em volta, eu fiquei perambulando e, quatro ou cinco minutos depois, o lugar era simplesmente um inferno. E por ser um prédio grande, ficou queimando a tarde inteira até a noite, por toda a noite. Zappa perdeu todo o seu equipamento que eu estava olhando e nós perdemos o nosso lugar de gravação, a razão maior de estarmos ali. Então olhamos em volta e acabamos encontrando outro lugar, um hotel fechado. Mas fazia muito frio, era inverno, novembro, então colocamos um aquecedor industrial. E colocamos uns colchões no chão do corredor e fizemos com que ali funcionasse um estúdio improvisado. Isso foi devido às circunstâncias estranhas de se fazer uma gravação. E acho que isso realmente nos ajudou de alguma forma, nos aproximou. Encarávamos um problema real. Então trabalhamos muito rapidamente e fizemos o álbum. Porque nenhum de nós se deu conta do quão importante aquele disco, "Machine Head", seria para nós. Ou "Smoke on the Water", neste caso. "Smoke on the Water" nem chegou a se lançada como single, não achávamos que fosse tão boa. Não somos bons na escolha de singles.
Roger Glover, do Deep Purple, fala da inspiração para "Smoke on the Water"
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/02/20/ult89u8582.jhtm
O baixista do Deep Purple, Roger Glover, conta a história da criação de "Smoke on the Water", um dos maiores hinos do rock, em entrevista a UOL Música. Leia entrevista com Roger Glover sobre a turnê brasileira do Deep Purple.
Ouça trecho da entrevista e leia mais abaixo a tradução:
UOL - "Smoke on the Water" é um dos mais notáveis riffs de guitarra em todos os tempos e a canção foi inspirada por um incêndio em um concerto de Frank Zappa em Montreux. É verdade que você sonhou com o nome da música?
Roger Glover - Sim, mas não foi bem um sonho. Eu simplesmente acordei na cama naquele momento em que você tem consciência de que está vivo e seus olhos ainda estão fechados. Uma coisa ímpar aconteceu. Estava sozinho no quarto, foi um ou dois dias após o incêndio, e quando despertei, ouvi a mim mesmo dizendo estas palavras. Então abri meus olhos e me dei conta de que havia dito alguma coisa. Foi o que eu disse antes, simplesmente falei: "Smoke on the Water" ("Fumaça na Água"). Então, bem, eu acho que veio de um sonho. Eu não sei exatamente se foi isso! Isto certamente surgiu quando eu estava entre dormindo e acordado. E, de fato, nós não usamos a idéia por várias semanas. Trabalhamos em outras canções, como "Lazy" e "Pictures of Home", coisas assim. E aí nós tínhamos esta canção com este riff, que sequer achávamos bacana. Era um tempo em andamento médio, monótono. "Então está OK", eu disse, "vamos tentar finalizá-la com as palavras que me vieram à mente, talvez pudesse se tornar uma canção sobre o que nos aconteceu aqui em Montreux". E foi assim que fizemos.
Nós estávamos prestes a gravar. Queríamos gravar um álbum em uma situação ao vivo e não em estúdio. Mas era muito difícil encontrarmos um lugar onde se pudesse gravar por três ou quatro semanas, sem que fôssemos interrompidos. Em Montreux, no Casino... É um prédio grande, não é exatamente só um cassino, tem restaurantes, boates e bares. Também tem um teatro, com capacidade para três a quatro mil lugares e nós já havíamos tocado lá anteriormente. Muitas bandas tocaram lá, é uma parada obrigatória das turnês. E nós conseguimos o lugar por três semanas... E de graça, o que foi ótimo!
Quando chegamos em Montreux, nós fomos recebidos por Claude Nobs, que organiza tudo o que envolve o cassino. E dissemos: "não vemos a hora de gravar o álbum incomum, em uma situação que não seja em um estúdio". Ele disse que sim, mas que também havia um problema: "Há um show agendado, antes que vocês coloquem seus equipamentos. É amanhã à tarde, com Frank Zappa & The Mothers of Invention. E vocês estão convidados!" Dissemos OK, todos nós somos grandes fãs de Frank Zappa, um cara muito talentoso. Então todos nós fomos ao show, que começou umas 15h. E no decorrer de uma hora de show, havia faíscas saindo do teto. Ninguém sabia o que estava acontecendo e todo mundo teve que sair por precaução. Então a música parou e todos saíram.
Eu voltei porque estava procurando o restante da minha banda. Me recordo de estar em pé em frente ao palco, olhando o equipamento do Frank Zappa, mas a essa hora não havia mais ninguém lá dentro. E eu olhava para a bateria, suas guitarras e o sintetizador. Eu nunca havia visto um sintetizador antes, era música de vanguarda daquela época. Não havia ninguém em volta, eu fiquei perambulando e, quatro ou cinco minutos depois, o lugar era simplesmente um inferno. E por ser um prédio grande, ficou queimando a tarde inteira até a noite, por toda a noite. Zappa perdeu todo o seu equipamento que eu estava olhando e nós perdemos o nosso lugar de gravação, a razão maior de estarmos ali. Então olhamos em volta e acabamos encontrando outro lugar, um hotel fechado. Mas fazia muito frio, era inverno, novembro, então colocamos um aquecedor industrial. E colocamos uns colchões no chão do corredor e fizemos com que ali funcionasse um estúdio improvisado. Isso foi devido às circunstâncias estranhas de se fazer uma gravação. E acho que isso realmente nos ajudou de alguma forma, nos aproximou. Encarávamos um problema real. Então trabalhamos muito rapidamente e fizemos o álbum. Porque nenhum de nós se deu conta do quão importante aquele disco, "Machine Head", seria para nós. Ou "Smoke on the Water", neste caso. "Smoke on the Water" nem chegou a se lançada como single, não achávamos que fosse tão boa. Não somos bons na escolha de singles.
Contatos pelo email marcus.marcal@uol.com.br
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