O SOM DA MÚSICA: ENTREVISTÃO IV: My Chemical Romance promete músicas de todos os seus álbuns em turnê pelo Brasil

Friday, October 24, 2008

ENTREVISTÃO IV: My Chemical Romance promete músicas de todos os seus álbuns em turnê pelo Brasil

12/02/2008 - 21h08
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/02/12/ult89u8543.jhtm

Principal nome do rock emo atualmente, o grupo norte-americano My Chemical Romance começa nesta semana sua primeira turnê brasileira. A banda toca no Via Funchal (SP) nos dias 18 e 19, mas antes se apresenta no Vivo Rio (15) e no Hellooch (17), em Curitiba. Sua formação é Gerard Way (vocais), Ray Toro e Frank Iero (guitarras), Mikey Way (baixo) e Bob Bryar (bateria).

Em entrevista ao UOL Música, o baterista Bob Bryar comenta a vinda do MCR ao país. "O Brasil é um lugar onde nunca estivemos e ficamos bastante animados de visitar lugares novos e tocar para pessoas que nunca nos assistiram ao vivo. É bacana ver as pessoas ansiosas para nos receber, isso já justifica a nossa viagem", avalia.

A banda promove no Brasil seu mais recente álbum de inéditas, "The Black Parade" (2007), e o músico dá uma prévia do que o My Chemical Romance apresentará. "Ainda não preparamos o repertório dos shows. Geralmente só arrematamos a lista algumas horas antes, mas posso adiantar que, em nossa turnê mais recente, incluímos músicas de cada um de nossos trabalhos e provavelmente devemos fazer o mesmo na América do Sul, com uma ou outra alteração", antecipa.

O My Chemical Romance também já lançou os álbuns "I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love" (2002), "Three Cheers for Sweet Revenge" (2003), "Life on the Murder Scene" (2006) e possui um número de fãs considerável o bastante para a inclusão de mais uma data na lista das três apresentações inicialmente agendadas para o Brasil. Mas devido ao ritmo incessante das turnês mundo afora, o grupo sequer faz idéia do que os espera. "Infelizmente ainda não ouvimos falar do público brasileiro. Nossa opinião só é formada quando chegamos aos lugares e a única coisa que sabemos é que se trata de um país muito bonito", explica.



O MCR foi formado em New Jersey no início dos anos 2000 e sua criação remonta ao espírito de época deste início de século. O líder da banda, Gerard Way, assistiu à queda das Torres Gêmeas, em 11 de setembro, do escritório de animação onde trabalhava na cidade de Nova York, nos EUA. O acontecimento o inspirou a escrever "Skylines and Turnstiles", parceria com um amigo de ginásio, o ex-baterista da banda Matt Pelissier, e foi o ponto-de-partida para a formação do grupo. Mas a atmosfera sombria de parte de seus temas não é somente um reflexo direto, conforme Bryar comentou. "Nós excursionamos bastante e não acho que isso tenha necessariamente afetado tanto a nossa música. A queda das Torres Gêmeas aconteceu e isso levou Gerard a fazer alguma coisa diferente. Ele se motivou a dar sua contribuição para o mundo e o My Chemical Romance acabou se reunindo em função disso. Mas os motes principais das letras de Gerard são mais voltados ao nosso cotidiano", avalia.

No entanto, os atentados também ajudaram a alçar à condição de fenômeno pop o que se convencionou chamar de "rock emo", corruptela do hardcore emocional, ou "emocore", característico do final dos anos 80 e início dos anos 90, de bandas seminais como Embrace ou Sunny Day Real Estate. Os penteados esquisitos, o semblante choroso e os olhos pintados dos adolescentes de toda grande metrópole reafirmam o apelo do gênero. Originalmente restrito ao underground, o estilo veio à tona no decorrer da primeira década de 2000 como o fenômeno pop mais emblemático dos primórdios do novo milênio.

Por esta razão, o grupo se tornou involutariamente um dos melhores retratos da juventude americana de hoje, mas o baterista rechaça esta responsabilidade ao comentar o sucesso do grupo. "Isso é bacana de se ouvir. Algumas pessoas realmente amam nossa banda, enquanto outras odeiam. Fazemos músicas que representem a nós mesmos antes de tudo, mas somos apenas responsáveis por nossos atos e acho que essa identificação se dá principalmente pelo fato de viajarmos mais do que outras bandas", acredita.

O som do MCR é uma mistura entre o Cure e o Misfits, com a dramaticidade às vezes tragicômica de um jovem Morrissey em uma pegada heavy metal. Esses elementos facilmente os dissociam dos demais grupos do "levante emo" e Bryar aproveita para endossar a definição da sonoridade do grupo. "Sim, é verdade! Todos trazem novas influências à pauta do grupo, mais efetivamente a partir de 'The Black Parade', e posso afirmar que Morrissey e Misfits sempre serão referências da banda porque somos grandes fãs. Mas também existem várias outros grupos como Queen, Pink Floyd ou mesmo coisas de heavy metal e música pop, oriundas de nossas predileções individuais", salienta.

No entanto, o desgaste do rótulo emo nos leva a indagar sobre suas possibilidades de mudanças artísticas em futuro próximo. Surpreendentemente, o músico sequer descarta uma hoje improvável guinada do My Chemical Romance rumo ao pop rock festeiro. "Cada novo álbum feito por nossa banda traz uma mudança drástica e não é nada que planejemos antes. Não deve ser interessante você repetir o mesmo trabalho incessantemente, como tanta gente faz, se restringindo a uma fórmula. Compomos e gravamos discos à medida que crescemos e coisas diferentes acontecem conosco. Tudo pode acontecer no futuro desta banda, até mesmo um álbum de jazz", especula.

Por essa razão, não é surpresa o MCR rechaçar o gênero musical do qual é dos principais ícones, junto a bandas pop como Panic At the Disco, Simple Plan, Good Charlotte, entre outras. Mas o baterista Bob Bryar mostra tranqüilidade quanto às associações ao emo. "É uma resposta que precisamos responder freqüentemente, mas esse termo não significa nada para nós. Nós nos consideramos uma banda de rock e qualquer pessoa pode tachar nossa música com o que quiser. As pessoas já convencionaram que o 'emo' é uma coisa ruim e tentam criar problemas em se tratando de um assunto ao qual damos a mínima importância", disse.

E a postura de transformação, notável a cada novo lançamento do grupo, ultrapassa as expectativas do MCR. A influência de "The Black Parade" interferiu até mesmo no mais recente álbum de inéditas do Simple Plan, o que nega a possibilidade de animosidade entre os grupos. "Honestamente nunca houve competição entre nós. É claro que toneladas de álbuns também nos influenciam a fazer os nossos e seria uma coisa muito triste se, entre quaisquer bandas que porventura curtam sair juntas e criem laços, uma delas estritamente criasse problemas para conseguir atenção. E é muito legal saber que um dos caras do Simple Plan declarou que curtiu nosso disco e os influenciamos de algum modo", comemora.

O clima de camaradagem também prevalece na banda. Por possuírem dois irmãos em sua formação, o baixista Mike e o vocalista Gerard, a irmandade também prevalece entre os demais integrantes do MCR, conforme ressaltou o baterista. "Acho que nos tornamos irmãos um dos outros e foi necessário. O sucesso, e não me refiro somente às vendagens, é realmente trabalhar e ainda se divertir com isso. Sempre haverá alguma coisa no sentido de Gerard e Mike se preocuparem um com o outro, mas não há tratamento diferenciado".

Embora hoje seja um nome forte ao ponto de influenciar outras bandas do cenário, o sucesso do My Chemical Romance chegou a ser ofuscado pelas comparações com o Green Day da era "The American Idiot" (2004), durante a turnê de lançamento de "Three Cheers for Sweet Revenge" (Reprise). O fato de serem a banda-suporte dos veteranos durante a excursão reforçou a miopia em relação ao trabalho do MCR, inicialmente considerado um êmulo dos mais velhos.

Mas as associações, fundamentadas em questões alheias à alçada musical, não procedem e revelam desatenção quanto à proposta artística do My Chemical Romance, conforme Bob Bryar comenta sobre a turnê com Billy Joe e cia. "O Green Day não chegou necessariamente a ser uma grande influência para nós, pois lidam com a teatralidade de seu trabalho de maneira totalmente diferente da nossa. Acho que, em 'The Black Parade', isto se evidencia mais em relação ao que fizemos antes, mas sempre fomos uma banda muito visual e até mesmo a temática de nossas músicas reforça isto. Os caras do Green Day são muito honestos naquilo que fazem e o que mais aprendemos com eles foram coisas sobre como levar a vida na estrada ou sermos respeitosos uns com os outros e ainda amarmos o que fazemos", arremata.

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