CANHOTO DE INGRESSO XXVI: Ozzy Osbourne encerra turnê brasileira com show para 39 mil pessoas em SP
06/04/2008 - 08h08
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/04/06/ult89u8879.jhtm
O cantor britânico Ozzy Osbourne finalizou neste sábado (5) sua terceira excursão pelo Brasil, com uma apresentação para 39 mil pessoas no Parque Antártica, em São Paulo. O artista promoveu seu mais recente álbum de inéditas, "Black Rain" (2007), e cantou seus maiores sucessos -- solo e de sua antiga banda, o Black Sabbath.
A abertura do espetáculo ficou a cargo dos grupos Black Label Society e Korn. Liderado pelo guitarrista Zakk Wylde, também integrante da banda de Ozzy Osbourne, o BLS entrou no palco às 19h30. Além de Wylde, também integram a banda os músicos Nick Catanese (guitarra), John DeServio (baixo) e Craig Nunenmacher (bateria).
Seus integrantes parecem saídos de um encontro dos Hell's Angels, tanto na postura quanto no vestuário, e o grupo faz um heavy rock na linha de Pantera, Alice in Chains e Corrosion of Conformity. Além disso, uma fileira de amplificadores Marshall em fileira evidenciava as intenções musicais do quarteto: rock'n roll pesado.
Após uma rápida introdução instrumental ao piano, o grupo começou o show com "New Religion", um dos destaques de "Shot to Hell" (2006), seu mais recente álbum de inéditas. Na seqüência, músicas como "Been A Long Time", "Suffering Overdue" e "Bleed for Me" atentaram a material antigo da banda -- os álbuns "Mafia" (2005), "Blessed Hellride" (2003) e "1919 Eternal" (2002), respectivamente.
O roteiro da apresentação fluiu de forma coesa e ressaltou as interseções entre "Shot to Hell" e os mais antigos discos do BLS --nas músicas "Suicide Messiah", "Fire it Up" e "Concrete Jungle". A banda encerrou a apresentação de 45 minutos com "Stillborn", de "Blessed Hellride". O público pediu bis, mas os roadies logo tiraram seu equipamento para organizar a entrada do Korn em cena.
O grupo liderado por Jonathan Davis entrou no palco às 20h30. Ao vivo, o Korn é atualmente um octeto. O trio oficial -- Davies (voz), Fieldy (baixo) e James "Munky" Shaffer (guitarra) -- é acompanhado por músicos convidados: Kalen Chase (percussão), Shane Gibson (guitarra), Ray Luzier (bateria), Zac Baird (teclados) e mais um DJ mascarado, escondido no canto do palco.
A banda não usufrui de montanhas de amplificadores, ao contrário das demais atrações da noite -- mas isso não significa menos peso no som. Em cena, o grupo reafirma sua relevância no cenário de rock pesado, sendo um dos principais expoentes do nü metal, estilo responsável pela evolução da linguagem do metal nos anos 90. Além disso, o roteiro da apresentação do Korn destacou temas distintos de sua vasta discografia.
O show começou com "Right Now", "A.D.I.D.A.S." e "Hold On", músicas dos álbuns "Take a Look in the Mirror" (2003), "Life Is Peachy" (1996) e de seu mais recente álbum epônimo (2007), respectivamente. Em seguida, Jonathan saúda o público e anuncia uma canção antiga: "Falling Away From Me", de "Issues" (1999). Em "Coming Undone", de "See You on the Other Side" (2005), o vocalista citou "We Will Rock You" (Queen), o hino maior do rock de arena, sem soar despropositado. Depois foi a vez de "Here to Stay", de "Untouchables" (2002), seguida de duas músicas da estréia epônima do Korn em disco (1994): "Helmet in the Bush" e "Faget".
O grupo ainda improvisou uma levada de bateria e linha de baixo soturna, que dialogou com mixagens e efeitos, antes de apresentar o sucesso "Freak on a Leash", de "Follow the Leader" (1998). Os bumbos dobrados de Luzier foram destaque em "Evolution", tema do mais recente álbum da banda. E após tocar "Somebody Someone", de "Issues" (1999), o líder do Korn agradeceu ao público pelo acolhimento, que retribuiu à altura pela boa apresentação. Com "Got the Life" e "Blind", o octeto encerrou o roteiro de uma hora de show, deixando claro que sua música ainda evolui a cada novo lançamento, a despeito de o hype nü metal ser coisa do passado.
Logo após o show do Korn, o telão do fundo de palco de Ozzy foi acionado e exibiu o nome do cantor. Da platéia, também se ouviu sua voz no P.A. antes mesmo de Osbourne entrar em cena. Depois foi a vez do artista ressaltar a faceta bufona de sua persona pública por meio de várias paródias em vídeo, com as quais fez piadas envolvendo os filmes "Piratas do Caribe" e "Borat", as séries "Lost", "The Sopranos" e "The Office" --uma delas com direito a escatologia.
Após uma introdução com o tema da ópera "Carmina Burana", Ozzy Osbourne entrou no palco às 22h20, acompanhado de sua banda: Zakk Wylde (guitarra), Rob Nicholson (baixo), Mike Bordin (bateria) e Adam Wakeman (teclados). Começou com "I Don't Wanna Stop", um dos temas de "Black Rain". Em seguida, perguntou se a platéia se divertia e cantou "Bark at the Moon", grande sucesso na ocasião de sua primeira vinda ao país em 1985.
Um dos mais carismáticos artistas da música, Ozzy sabe muito bem fazer uso de sua fanfarrice. Provocou gritos da audiência antes de cantar "Suicide Solution", mostrou as nádegas e jogou baldes de água sobre si mesmo e no público -- procedimentos de praxe em seus shows. Vale lembrar que, por causa desta música, o cantor chegou a ser processado por supostamente ter induzido o suicídio de jovens entre 1984 e 1986. E essas brincadeiras que faz no palco há décadas ajudaram o artista a se dissociar gradativamente da imagem de "ameaça pública" que equivocadamente lhe atribuíam.
Em seguida, Ozzy desfraldou uma bandeira brasileira jogada no palco pela platéia, fez uma pausa para beber água e anunciou "Mr. Crowley". Um dos temas apresentados nas três turnês que Ozzy fez no Brasil, a canção confirmou que sua banda atual é a mais coesa dentre as que já trouxe ao país. Em grande parte, isso é mérito de Zakk Wylde, guitarrista bastante superior a Jack E. Lee e Joe Holmes, músicos que secundaram o cantor nas turnês brasileiras de 1985 e 1995.
Em tempos em que o rock contempla a velhice, a performance de Ozzy Osbourne ressalta que seus shows são espetáculos para serem apresentados em grandes arenas -- tamanho é seu domínio sobre o público, a despeito de comentários pejorativos a respeito de suas limitações. Prestes a completar 60 anos, o cantor não precisa provar mais nada a ninguém e ainda pode se dar ao luxo de tirar sarro de si mesmo.
Depois é a vez de mais um tema de "Black Rain", "Not Going Away", executada com andamento mais lento do que o registrado em disco. Na seqüência, Ozzy pergunta se o público quer ouvir alguma música do Black Sabbath e, ao ouvir resposta afirmativa, anuncia "War Pigs", do álbum "Paranoid" (1971). Os telões destacam imagens de destruição, exércitos marchando em fila, entre outras. Depois canta "Road to Nowhere" com a bandeira brasileira sobre os ombros, seguida de "Crazy Train".
Em seu momento solo, Zakk Wylde soube perfeitamente tirar som sujo da guitarra, como convém às normas de etiqueta do rock pesado. E demonstrou técnica impecável aliada à fúria do metal na execução de seus improvisos, ao ponto de fazer sangrar os dedos de sua mão direita. Ao final do interlúdio, sua guitarra de modelo Flying V, nas cores branca e preta, estava suja de sangue -- o que levou o músico a limpar as mãos em seus amplificadores.
Depois de "Crazy Train", Osbourne cantou outro cover do Black Sabbath: "Iron Man", seguida de "I Don't Know". Depois a platéia pediu "No More Tears" e o cantor retribuiu o carinho dos fãs aunciando a música. E comentou que a audiência brasileira é demais, prometendo não demorar a voltar ao Brasil.
Na seqüência, Ozzy apresentou um dos momentos mais pungentes do show: a balada "Here For You", que destaca o piano elétrico de Wakeman e o belo solo de Wylde.
Ozzy ainda cantou "I Don't Want to Change the World" antes de deixar o palco. Ao voltar para o bis, apresentou uma bela versão de "Mama, I'm Coming Home", do álbum "No More Tears", outro belo momento do show. Nesta música, Zakk Wylde o acompanhou com uma guitarra de dois braços - um deles com doze e outro com seis cordas. E Ozzy fechou o espetáculo de pouco mais de hora e meia com "Paranoid".
MARCUS MARÇAL
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/04/06/ult89u8879.jhtm
O cantor britânico Ozzy Osbourne finalizou neste sábado (5) sua terceira excursão pelo Brasil, com uma apresentação para 39 mil pessoas no Parque Antártica, em São Paulo. O artista promoveu seu mais recente álbum de inéditas, "Black Rain" (2007), e cantou seus maiores sucessos -- solo e de sua antiga banda, o Black Sabbath.
A abertura do espetáculo ficou a cargo dos grupos Black Label Society e Korn. Liderado pelo guitarrista Zakk Wylde, também integrante da banda de Ozzy Osbourne, o BLS entrou no palco às 19h30. Além de Wylde, também integram a banda os músicos Nick Catanese (guitarra), John DeServio (baixo) e Craig Nunenmacher (bateria).
Seus integrantes parecem saídos de um encontro dos Hell's Angels, tanto na postura quanto no vestuário, e o grupo faz um heavy rock na linha de Pantera, Alice in Chains e Corrosion of Conformity. Além disso, uma fileira de amplificadores Marshall em fileira evidenciava as intenções musicais do quarteto: rock'n roll pesado.
Após uma rápida introdução instrumental ao piano, o grupo começou o show com "New Religion", um dos destaques de "Shot to Hell" (2006), seu mais recente álbum de inéditas. Na seqüência, músicas como "Been A Long Time", "Suffering Overdue" e "Bleed for Me" atentaram a material antigo da banda -- os álbuns "Mafia" (2005), "Blessed Hellride" (2003) e "1919 Eternal" (2002), respectivamente.
O roteiro da apresentação fluiu de forma coesa e ressaltou as interseções entre "Shot to Hell" e os mais antigos discos do BLS --nas músicas "Suicide Messiah", "Fire it Up" e "Concrete Jungle". A banda encerrou a apresentação de 45 minutos com "Stillborn", de "Blessed Hellride". O público pediu bis, mas os roadies logo tiraram seu equipamento para organizar a entrada do Korn em cena.
O grupo liderado por Jonathan Davis entrou no palco às 20h30. Ao vivo, o Korn é atualmente um octeto. O trio oficial -- Davies (voz), Fieldy (baixo) e James "Munky" Shaffer (guitarra) -- é acompanhado por músicos convidados: Kalen Chase (percussão), Shane Gibson (guitarra), Ray Luzier (bateria), Zac Baird (teclados) e mais um DJ mascarado, escondido no canto do palco.
A banda não usufrui de montanhas de amplificadores, ao contrário das demais atrações da noite -- mas isso não significa menos peso no som. Em cena, o grupo reafirma sua relevância no cenário de rock pesado, sendo um dos principais expoentes do nü metal, estilo responsável pela evolução da linguagem do metal nos anos 90. Além disso, o roteiro da apresentação do Korn destacou temas distintos de sua vasta discografia.
O show começou com "Right Now", "A.D.I.D.A.S." e "Hold On", músicas dos álbuns "Take a Look in the Mirror" (2003), "Life Is Peachy" (1996) e de seu mais recente álbum epônimo (2007), respectivamente. Em seguida, Jonathan saúda o público e anuncia uma canção antiga: "Falling Away From Me", de "Issues" (1999). Em "Coming Undone", de "See You on the Other Side" (2005), o vocalista citou "We Will Rock You" (Queen), o hino maior do rock de arena, sem soar despropositado. Depois foi a vez de "Here to Stay", de "Untouchables" (2002), seguida de duas músicas da estréia epônima do Korn em disco (1994): "Helmet in the Bush" e "Faget".
O grupo ainda improvisou uma levada de bateria e linha de baixo soturna, que dialogou com mixagens e efeitos, antes de apresentar o sucesso "Freak on a Leash", de "Follow the Leader" (1998). Os bumbos dobrados de Luzier foram destaque em "Evolution", tema do mais recente álbum da banda. E após tocar "Somebody Someone", de "Issues" (1999), o líder do Korn agradeceu ao público pelo acolhimento, que retribuiu à altura pela boa apresentação. Com "Got the Life" e "Blind", o octeto encerrou o roteiro de uma hora de show, deixando claro que sua música ainda evolui a cada novo lançamento, a despeito de o hype nü metal ser coisa do passado.
Logo após o show do Korn, o telão do fundo de palco de Ozzy foi acionado e exibiu o nome do cantor. Da platéia, também se ouviu sua voz no P.A. antes mesmo de Osbourne entrar em cena. Depois foi a vez do artista ressaltar a faceta bufona de sua persona pública por meio de várias paródias em vídeo, com as quais fez piadas envolvendo os filmes "Piratas do Caribe" e "Borat", as séries "Lost", "The Sopranos" e "The Office" --uma delas com direito a escatologia.
Após uma introdução com o tema da ópera "Carmina Burana", Ozzy Osbourne entrou no palco às 22h20, acompanhado de sua banda: Zakk Wylde (guitarra), Rob Nicholson (baixo), Mike Bordin (bateria) e Adam Wakeman (teclados). Começou com "I Don't Wanna Stop", um dos temas de "Black Rain". Em seguida, perguntou se a platéia se divertia e cantou "Bark at the Moon", grande sucesso na ocasião de sua primeira vinda ao país em 1985.
Um dos mais carismáticos artistas da música, Ozzy sabe muito bem fazer uso de sua fanfarrice. Provocou gritos da audiência antes de cantar "Suicide Solution", mostrou as nádegas e jogou baldes de água sobre si mesmo e no público -- procedimentos de praxe em seus shows. Vale lembrar que, por causa desta música, o cantor chegou a ser processado por supostamente ter induzido o suicídio de jovens entre 1984 e 1986. E essas brincadeiras que faz no palco há décadas ajudaram o artista a se dissociar gradativamente da imagem de "ameaça pública" que equivocadamente lhe atribuíam.
Em seguida, Ozzy desfraldou uma bandeira brasileira jogada no palco pela platéia, fez uma pausa para beber água e anunciou "Mr. Crowley". Um dos temas apresentados nas três turnês que Ozzy fez no Brasil, a canção confirmou que sua banda atual é a mais coesa dentre as que já trouxe ao país. Em grande parte, isso é mérito de Zakk Wylde, guitarrista bastante superior a Jack E. Lee e Joe Holmes, músicos que secundaram o cantor nas turnês brasileiras de 1985 e 1995.
Em tempos em que o rock contempla a velhice, a performance de Ozzy Osbourne ressalta que seus shows são espetáculos para serem apresentados em grandes arenas -- tamanho é seu domínio sobre o público, a despeito de comentários pejorativos a respeito de suas limitações. Prestes a completar 60 anos, o cantor não precisa provar mais nada a ninguém e ainda pode se dar ao luxo de tirar sarro de si mesmo.
Depois é a vez de mais um tema de "Black Rain", "Not Going Away", executada com andamento mais lento do que o registrado em disco. Na seqüência, Ozzy pergunta se o público quer ouvir alguma música do Black Sabbath e, ao ouvir resposta afirmativa, anuncia "War Pigs", do álbum "Paranoid" (1971). Os telões destacam imagens de destruição, exércitos marchando em fila, entre outras. Depois canta "Road to Nowhere" com a bandeira brasileira sobre os ombros, seguida de "Crazy Train".
Em seu momento solo, Zakk Wylde soube perfeitamente tirar som sujo da guitarra, como convém às normas de etiqueta do rock pesado. E demonstrou técnica impecável aliada à fúria do metal na execução de seus improvisos, ao ponto de fazer sangrar os dedos de sua mão direita. Ao final do interlúdio, sua guitarra de modelo Flying V, nas cores branca e preta, estava suja de sangue -- o que levou o músico a limpar as mãos em seus amplificadores.
Depois de "Crazy Train", Osbourne cantou outro cover do Black Sabbath: "Iron Man", seguida de "I Don't Know". Depois a platéia pediu "No More Tears" e o cantor retribuiu o carinho dos fãs aunciando a música. E comentou que a audiência brasileira é demais, prometendo não demorar a voltar ao Brasil.
Na seqüência, Ozzy apresentou um dos momentos mais pungentes do show: a balada "Here For You", que destaca o piano elétrico de Wakeman e o belo solo de Wylde.
Ozzy ainda cantou "I Don't Want to Change the World" antes de deixar o palco. Ao voltar para o bis, apresentou uma bela versão de "Mama, I'm Coming Home", do álbum "No More Tears", outro belo momento do show. Nesta música, Zakk Wylde o acompanhou com uma guitarra de dois braços - um deles com doze e outro com seis cordas. E Ozzy fechou o espetáculo de pouco mais de hora e meia com "Paranoid".
Contatos pelo email marcus.marcal@uol.com.br
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