CANHOTO DE INGRESSO VIII
EuFOOria Burocrática
Foo Fighters, Cidade do Rock (13/01/2001)
Foo Fighters, Cidade do Rock (13/01/2001)
Ainda não foi desta vez que vimos um verdadeiro show dos Foo Fighters, com tudo a que temos direito já que somos uma das audiências mais selvagens da face da Terra. O poderio sonoro do quarteto ficou relegado ao segundo plano, muito em parte pela necessidade de David Grohl (gt/voz), Nate Mendell (baixo), Chris Shifleh (gt) e Taylor Hawkins (bateria) se mostrarem simpáticos ante a maior platéia de suas vidas. Mas os caras souberam muito bem como jogar de acordo com as regras do showbizz: os refrões oportunos, repetidos a exaustão, foram cantados por boa parte da platéia ao ponto do frontman declarar que este show teria sido supostamente o melhor de suas vidas. Que exagero! Espero que você não tenha acreditado, pois, em eventos desse tamanho, é de lei utilizar esse tipo de artifícios, ainda que com certa ironia - muito bem-vinda por sinal.
Abriram os trabalhos com o hit "Breakout", o que de cara evidenciou um problema sério: os P.A.s (sistemas de amplificação) não corresponderam ao pique do quarteto em cima do palco - uma constante nessa edição do festival. Logo em seguida, um dos melhores momentos da apresentação, a ordinariamente bela "My Hero", seguida de "Learn To Fly", primeiro single do mais recente CD dos rapazes. Dave comandou a imensa platéia com trejeitos e cacoetes típicos do rock de arena: fez a galera girar as camisetas, apelou para um desnecessário duelo de bateria, etc. Mas a energia decaiu nitidamente na baladaça "Up in Arms" (apenas um pequeno trecho, que pena) e na xaroposa "Big Me". O punch característico de "Stacked Actors" registrado em disco foi atenuado em razão das dinâmicas e improvisos durante o número - o vocalista chegou a ensaiar uma rebolada, mas seu traseiro felizmente e infelizmente nada tem a ver com os atributos artísticos das nossas Sheilas da vida. Como você pode perceber, o clima do show foi superdescontraído, tanto é que rolou até "parabéns pra você" com direito a bolo, coro da platéira e a presença da namorada de Dave, Melissa Auf der Maur (ex-Hole e ex-Smashing Pumpkins), antes de "Next Year". Depois foi a vez de "I'll Stick around" que, assim como "Stacked Actors", também apareceu aqui em versão arrastada, mas o brilhantismo voltou à tona na belíssima "Doll" - pena que a juntaram com "See You", uma pop song boboca, caracterizando um anticlímax.
Os Foo Fighters encerraram o set curto (apenas uma hora) com "Monkey Wrench", uma homenagem a Axl Rose - o grande pato do festival em termos de zoação alheia. De qualquer forma, a galera gostou muito do show, prova disso é que intimaram os Foo Fighters a voltarem ao palco para um bis arrasador: a ótima "M.I.A." e emocionada "Everlong". "If anything could ever be this good forever?" Esse refrão ainda ecoa na minha mente, como se eu tivesse acabado de assistir o show. Bacana, mas foi só o aperitivo para o prato principal que viria logo a seguir: o R.E.M.
Texto de Marcus Marçal publicado em 2001 em RP. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.
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