O SOM DA MÚSICA: MIXES CASEIROS

Wednesday, September 05, 2007

MIXES CASEIROS

Jingle

"Após caminhar dias e anos, vislumbrou o que tanto almejara. Catou um punhado de lembranças, conteve a euforia. Não se reconheceu nos antigos retratos do passado remoto. Remontou velhas amizades, se indagou até que ponto verdadeiras. Lamentou rancores, redimiu enganos, celebrou a inocência do ontem. Por um instante sorriu, nada tinha a menor importância. O tempo despira a fantasia nos uniformes caricatos e nas emoções sucateadas das vítimas da mídia. Eternamente à procura de um trem que partiu sorrateiro, alheio ao tique-taque surdo de teu relógio atrasado. Algumas vezes se sentiu só e perguntou a si mesmo por quê continua a caminhar nesta estrada perdida. Enquanto sacia a sede, estranho à pressa de quem prossegue ensandecido na certeza cega da mais nova mentira que não se compra. E quando seus sonhos não valem pouco, eles nunca envelhecem. Mas para levá-los adiante, só mesmo sendo um palhaço louco. É aí que você amadurece, não se iguala à corja de hipócritas nem se vende por micharia onde os perdedores alcançam a vitória. Aparte aos modismos, o dinheiro sujo do mafioso banca o ego do iludido, a ostentação do bajulador e a picuinha do invejoso. Inebriados pela vaidade dos aspirantes a gloriosos na imensa fila até serem nocauteados pelo próprio cansaço. Libertados do paraíso ilusório do reclame na tevê. Um céu de diamantes repleto de vagalumes e estrelas de plástico... Pois jovens são cheios de verdades absolutas, afetadas arrogâncias. Quanto mais velhos, menos seguros das próprias certezas. E música é mero item pra bacana empoeirar na sala de estar. No corredor, em direção ao escritório, o carcamano artimanha a megalomania marketeira das farsas e trapaças do mundo do roque, maquinando clones, nossa mais sincera forma de elogio: a rebeldia fake alucinada do rebanho de ovelhas negras desgarradas. Por isso não acredite no que mentem para você o tempo todo. Viva à sua maneira, cante uma canção que fale da sua vida. Comemore toda pujança em meio a uma confraria de alcoólatras. Celebre a alegria da vitória numa euforia melancólica, desencantada. Dispa-se numa só vez dos personagens das noites solitárias: heróis arruinados, superamigos invisíveis e inimigos de infância. Esqueça os que se perderam no tempo, nunca estiveram do seu lado. Realmente nunca acreditaram em você, enquanto você batalhava. Deixe-os lá atrás junto à ladainha de vagabundas e de desafetos. Iguais aos que rastejam em busca da fama para saciarem os egos flácidos nas lendas e histórias dos superfreaks no viés da cultura pop. Não vou negar a mágoa, nem vou negar a dor do factóide roquestrela. Rei da ilusão, rei da multidão, rei da solidão... Mitômano de si mesmo, das legiões imaginárias a lhe povoar a mente. Rei da covardia, senhor da grosseria, mestre da ironia... E se tudo o que já viveste for um filme bem diante de seus olhos, afaga com carinho teu desapego, já que a vida é a matéria dos sonhos..."



Sonata (Acústica)

"Eu te fiz esta canção para lhe dizer que não aceito hesitação, tampouco dissimulação. Assim te tenho mais perto, bem mais perto de mim, como não pudesses partir. Guarde-a junto ao coração... Afaga esta cantiga em português arcaico, pintada de memória das galeria de algum museu. Sortida em rimas pobres, canção fora de moda carpintada pelas mãos deste homem rude aqui. Humilde cantador, mudo; aprendiz de poeta, sem palavras - esquecidas no passado, resgatadas no presente. E se não podes estar aqui, guarde-a junto ao seio qual a prece em teu amuleto. Só peço que tu não te esqueças de tudo aquilo que eu não esqueci... Quando você partiu, pintei de cinza meu céu cenográfico e mergulhei na escuridão da noite, mas sei que a Lua vai brilhar! E quando eu te reencontrar na esquina onde o acaso mora, traga a mesma chama nos olhos, porém ainda mais radiante. Assim veremos seus pares no céu e fugiremos como vampiros porque o dia há de raiar um brilho eterno que só se sente de olhos fechados e a luz que deles irradia acalenta toda saudade, traz sentido à fé no futuro e assim re-aprendemos a sonhar... Venha ver as estrelas no céu em chamas da bela manhã que nasce. O brilho fascinante dela colorindo a noite escura como a bela melodia que te afaga na infância, tua memória mais bonita desenhando novos sorrisos. Escolha a estrela mais bonita do céu e tudo será seu. Tudo o que vem de lá é bom, até a chuva que cai em véu..."



Sol Negro

Meu coração é vermelho, quente como um raio de Sol que pulsa do coração da Estrela. A tua boca é vermelha --saliva ardente, lava de um vulcão. Confia em teu coração... A boca de mulher adorna um sorriso, no peito bate um coração de menina. E a tua respiração ofegante me diz tudo aquilo que eu quero ouvir, pois dos teus olhos vejo duas labaredas, quentes como a chama nos teus lábios. É lava, mergulho em plena cratera deste vulcão chamado coração. - Deixa o Sol sangrar o céu da noite...



Luna

"Barret empurra seu carro de compras no corredor vazio da escola, canta aquela canção de um único acorde e balbucia sempre o mesmo verso. Sentia-se só no reformatório e não pensou que seria assim tão fácil ignorar o remorso de tua dedicada compaixão que desata os nós da razão. 'Mas quando eu enlouqueci, tu nem vieste me ver. Não queria te ver partir, mas nem quiseste saber e, se me fizer de louco, você nem vai perceber que não somos tão diferentes assim...' Murrah dá um passeio pela praia, traz mais uma canção em sua arca perdida repleta de diamantes loucos. Alheio ao formigueiro humano, procura estrelas deixadas no fundo do céu escondido em alguma cratera lunar, encontra a luz bem no coração do Sol, mas só pode senti-la de olhos fechados. 'É o rumo da tua nau perdida no tempo, no mar revolto desperto pela Lua cheia de teus pesadelos terríveis durante a noite até a vazante despertar sorrateira a te acordar depois da travessia como se nada tivesse acontecido...'"



Sonata ao Luar (take 2005)

"Eu te fiz esta canção para lhe dizer que não aceito hesitação, tampouco dissimulação. Assim te tenho mais perto, bem mais perto de mim, como não pudesses partir. Guarde-a junto ao coração... Afaga esta cantiga em português arcaico, pintada de memória das galeria de algum museu. Sortida em rimas pobres, canção fora de moda carpintada pelas mãos deste homem rude aqui. Humilde cantador, mudo; aprendiz de poeta, sem palavras - esquecidas no passado, resgatadas no presente. E se não podes estar aqui, guarde-a junto ao seio qual a prece em teu amuleto. Só peço que tu não te esqueças de tudo aquilo que eu não esqueci... Quando você partiu, pintei de cinza meu céu cenográfico e mergulhei na escuridão da noite, mas sei que a Lua vai brilhar! E quando eu te reencontrar na esquina onde o acaso mora, traga a mesma chama nos olhos, porém ainda mais radiante. Assim veremos seus pares no céu e fugiremos como vampiros porque o dia há de raiar um brilho eterno que só se sente de olhos fechados e a luz que deles irradia acalenta toda saudade, traz sentido à fé no futuro e assim re-aprendemos a sonhar... Venha ver as estrelas no céu em chamas da bela manhã que nasce. O brilho fascinante dela colorindo a noite escura como a bela melodia que te afaga na infância, tua memória mais bonita desenhando novos sorrisos. Escolha a estrela mais bonita do céu e tudo será seu. Tudo o que vem de lá é bom, até a chuva que cai em véu..."



Verve (acústica)

"Encapsule o tempo numa canção. Subtraia aritmética da experiência. Ignore toda cronologia. Polaróides piscam em moto-contínuo e o eterno agora já não espera por ti. Projete o que quiser na página em branco, as palavras são tão vazias quanto um balão de gás: apenas as preenchemos de significados, concebidos na inspiração que exala sentido onde habita soberana a expiração... Vivemos todos em um salão de espelhos. Somos platéia e personagem deste monólogo coletivo. Escolha a sua fantasia para este espetáculo. Te sirvas de riso ou lágrima quando se avizinharem os caminhos do dia e da noite. E você pode tentar me usar, cortejar-me a vaidade até atar-me uma camisa-de-força ao inflar meu ego ou mesmo inflacionar meus defeitos expostos em galeria, mas nunca compreenderá a doença dos sonhadores. Esta simplicidade de coração tu não poderás conceber. Sim, as estrelas caem do céu. É você que não olha para cima... Se sonho é porque durmo o sono do justo. Canto uma canção que me seja verdadeira, uma oração que eu não me envergonhe de rezar. O futuro há de vingar o passado pois é nesta atmosfera de sonho que o amanhã vai raiar. O mundo dá voltas, as marés mudam. Cada momento é único, uma vaga no mar. Nada como um dia após o outro. Respire o ar cristalino do devaneio para então poder expirar a sua própria criação..."



Azure

"O sonho não acabou, está apenas começando. É tarde demais para adormecer-te, o dia já amanhece. Veja o fogaréu que incendeia a noite! O Sol é chama e nunca se apaga, como a tua fé por dias melhores até a aurora trazer-te uma nova esperança. Nossos sonhos nunca morrem enquanto acreditarmos neles... E você ainda pode sonhar, no firmamento germina um novo dia! Mas já que esta canção te toca o coração, então a cantemos juntos como a uma prece porque, quando a manhã raiar, um choro de alegria será a chuva de verão que lava a tua alma: o sonho mais bonito de nossas vidas. Escute nossos corações em sintonia com esta canção... E o que você quer sonhar agora na hora em que é chegada a aurora? Pois nesta noite construíremos uma ponte entre o sonho e o que chamam realidade até o impossível realizar-se um desejo em algum lugar onde possamos viver tudo o que nos é permitido sonhar. O céu azul vai clarear e tudo será sonho porque é da noite turva o céu mais estrelado. E meu coração é o Sol na bela manhã que nasce..."



New Day Rising

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Sou Marcus Marçal, jornalista de profissão e músico de coração.

Veja bem, se esta é sua primeira visita, afirmo de antemão que, para usufruir dos textos deste blog, é necessário um mínimo de inteligência. Este blog contém reflexões sobre música, material ficcional, devaneios biográficos, desvarios em prosa, egotrips sonoras e até mesmo material de cunho jornalístico.

E, se você não é muito acostumado à leitura, provavelmente pode ter um pouco de dificuldades com a forma caótica com que as informações são despejadas neste espaço.

Gostaria de deixar claro que os referenciais sobre texto e música aqui dispostos são vastos e muitas das vezes antagônicos entre si. Por essa razão, narrativa-linear não é sobrenome deste espaço, entende?

Tendo isto em mente, fica mais fácil dialogarmos sobre nossos interesses em comum dispostos aqui, pois o entendimento de parte dos textos contidos neste blog não deve ser feito ao pé da letra. E se você por acaso tiver conhecimento ou mesmo noção das funções da linguagem então poderá usufruir mais adequadamente do material contido neste site, munido de ferramentas de responsabilidade de ordem exclusiva ao leitor.

Quero dizer que, apesar da minha formação como jornalista, apenas uma parcela pequena dos textos aqui expostos foi e é concebida com este intuito, o que me permite escrever sem maiores preocupações com formatos ou convenções. Geralmente escrevo o que me dá na telha e só depois eventualmente faço alguma revisão mais atenta, daí a razão de por essas e outras eu deixar como subtítulo para este O SOM DA MÚSICA o bordão VERBORRAGIA DE CÓDIGO-FONTE ABERTO COM VALIDADE RESTRITA, e também porque me reservo ao direito de minhas opiniões se transformarem com o passar do tempo.

Portanto, faço um pedido encarecidamente às pessoas dotadas de pensamento obtuso, aos fanáticos de todos os tipos, aos analfabetos funcionais e às aberrações do tipo: por gentileza, não percam seu tempo com minha leitura a fim de lhes poupar atenção dispensada indevidamente.

Aos leitores tradicionais e visitantes ocasionais com flexibilidade de raciocínio, peço minhas sinceras desculpas. Faço esse blá-blá-blá todo apenas para afastar qualquer pessoa com pouca inteligência. Mesmo porque tem tanta gente por aí que domina as normas da língua portuguesa, mas são praticamente analfabetos funcionais...


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Espero que este seja um território livre para a discussão e expressão de opiniões, ainda que contrárias as minhas, acerca de nossa paixão pela música. Afinal, de nada valeria escutarmos discos, fazermos músicas, lermos textos, irmos a shows e vivermos nossas vidas sem que pudéssemos compartilhar nossas opiniões a respeito disso tudo.

Espero que você seja o tipo de leitor que aprecie a abordagem sobre música contida neste blog.


De qualquer forma, sejam todos bem-vindos! Sintam-se como se estivessem em casa.

Caso queira entrar em contato, meu email é marcus.marcal@yahoo.com.br.
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