O SOM DA MÚSICA: III DIA MUNDIAL DO ROCK EM SÃO PAULO

Wednesday, July 18, 2007

III DIA MUNDIAL DO ROCK EM SÃO PAULO

ROCK'N ROLL SE FESTEJA AO VIVO

A terceira edição do Dia Mundial do Rock foi comemorada em grande estilo no Multimídia Trade Center, do grupo A Universal. Artistas das mais variadas tendências se apresentaram no local e expositores de roupas, livros, artesanato e tattoos também marcaram sua presença. E a maratona roqueira começou pouco depois das 11 horas - bem cedo, em se tratando dos padrões roqueiros, diga-se - com a apresentação do cantor Russo. O SOM DA MÚSICA esteve presente ao evento e logo abaixo vamos falar um pouco sobre como foi esta festa muito bacana. Vamos lá!

RUSSO – O cantor inaugurou os festejos da primeira parte do evento, no 2º Piso do MMTC, e apresentou um roteiro de canções calcadas no formato violão, voz e pandeiro de ritmo. Russo é um performer à moda dos músicos folclóricos de New Orleans e de outros antigos recantos estadunidenses. No entanto, em vez da atmosfera típica de “Tempos Modernos” que sua performance poderia enunciar, com uma pegada mais pro lado do folk norteamericano, seu repertório faz uma abordagem bastante pessoal de standards de classic rock, tais como “Piece of my Heart”, “Dust in the Wind”, “Wish You Were Here” e “Layla”, entre outros petardos, nos quais alterna entre as seis e as doze cordas de um belo violão de dois braços.

Era início de festa e o cantor voltaria, excepcionalmente, mais uma ou duas vezes ao palco para aquecer a platéia, enquanto os técnicos de som faziam os preparativos para a entrada das atrações seguintes. Um dado interessante a se ressaltar na performance do artista foi a inclusão de uma ferramenta interessantíssima, que mais parecia uma corneta de brinquedo, mas que emulava fielmente os sons de diferentes e tradicionais instrumentos de sopro.

TROPA DE SHOCK - Depois foi a vez destes verdadeiros veteranos da música pesada, com seu heavy metal à moda Velha Guarda, carregado de matizes melódicas. Em outras palavras, o sexteto promoveu um rock pesado bastante técnico, polido e sem a necessidade de firulas instrumentais para disfarçar a falta do que dizer.

Formado por Don (Vocal), Márcio Minetto (Bateria), Felipe Negri (Baixo), Valéria Moregola (Teclados), Daniel Simon (Guitarra) e P.H (Guitarra), o Tropa de Shock está na ativa há DEZESSEIS anos e seus músicos carregam aos palcos a experiência digna de uma formação com seis lançamentos na bagagem. No entanto, o roteiro do show desta tarde restringiu-se ao material recente e privilegiou os temas sci-fi de After Twilight, com a exceção das antigas “Angels of Eternity”, da estréia da banda em disco, do álbum de mesmo nome, Angels of Eternity, e “NightVisions”, de Survivors, um dos destaques da discografia do TdS.

Prova da interminável fonte de inspiração da banda é seu último lançamento, After Twilight (Dynamo Records), um disco conceitual focado na história da personagem Bad Woman que, em uma realidade baseada em um hipotético futuro com contornos de ficção científica daqui a quatro milênios, descobriu uma forma de o ser humano voltar a ser o animal racional que era antes de se tornar o ser robótico de uma era desumana situada no amanhã longínquo, alegoria no mínimo inquietante.

O álbum conta com participações dos guitarristas Michael Weikath (do Helloween) e Edu Ardanuy (do Dr. Sin) e não deve nada aos lançamentos estrangeiros dentro do segmento, prova disso é a possibilidade de mais uma turnê da banda pelo exterior. O Tropa de Shock já excursionou pela Europa e, desta vez, uma passagem pelos EUA está nos planos para um futuro próximo. Vamos torcer! Outras informações sobre o grupo, você encontra no site oficial http://www.tropadeshock.com.br).

Animado após a apresentação de sua banda e com as comemorações do Dia do Rock, o líder do Tropa de Shock, Don, falou a O SOM DA MÚSICA sobre a data: “O importante da existência e da comemoração de um dia destinado exclusivamente ao rock é a constatação de que o movimento nunca vai morrer, pois esta é a prova viva de que o rock foi oficializado e agora é imperecível. Imperecível, adorei essa palavra...”, brincou depois de falar coisa séria, dando a deixa para a próxima atração...

ROCK ROCKET - Com o trio paulistano, a diversão descompromissada passou a dar o tom dos festejos no local. Formado por jovens na faixa dos vinte e poucos anos, o trio de Alan (bateria), Noel (guitarra e vocais) e Pesky (baixo) começou as atividades em 2002 e debutou em disco pela Thirteen Records com o CD Por um Rock'n Roll mais Alcoólatra e Inconseqüente em 2005, um trabalho que chamou a atenção do pessoal da Trama que tratou de integrar o trio ao seu cast e relançou o début dos rapazes.

Desde então, os três jovens e simpáticos baderneiros puderam se dedicar integralmente à música e assim quem acompanha o trabalho do grupo hoje percebe facilmente uma ampliação de seus horizontes sonoros. Tanto é verdade que o Rock Rocket agora prepara terreno para seu segundo lançamento, testando algum material novo na estrada.

A bolacha ainda não tem título, mas deve ser batizada com o nome da banda. O disco está previsto para ser lançado em Setembro deste ano e foi produzido por Felipe Vassão (o mesmo de Por um Rock'n Roll mais Alcoólatra e Inconseqüente), contando com 14 novos petardos inéditos gravados nos badalados estúdios da gravadora Trama.

Em plena data comemorativa do gênero, é de se perguntar o quê três roqueiros alcoólatras e inconseqüentes acham disso tudo. E por incrível que pareça, a resposta do vocalista-guitarrista Noel não poderia ser mais lúcida: “Todo dia é Dia do Rock para nós! Vivemos isso! Dá para sobrevivermos com a corda no pescoço, mas certamente a coisa vai melhorar com o próximo disco”, declarou. Vale ressaltar que o Rock Rocket fez um dos sets mais energéticos e barulhentos da primeira parte da festa. Com direito à muito rock'n roll for fun...

“Cerveja Barata”, “Sheena is a Punk Rocker” (cover dos Ramones, referência básica para entender a proposta sonora do grupo) “Puro Amor em Alto Mar” e “Roqueiros Também Amam” estiveram presentes no set desta tarde.

EXXÓTICA - O clima divertido continuou a dar a tona na apresentação do quarteto mascarado. Quase uma banda desenhada de cartum, o Exxótica faz um rock'n roll básico muito bem tocado e seus músicos se apresentam com figurinos estilosos, no bom sentido. São amantes do rock'n roll clássico e evidenciam essa devoção ao reverenciarem uma ambiência sonora que em geral circula pelas referências típicas do rock de arena do período entre os meados dos anos 70 e os meados dos anos 80. Também não é por menos: as conexões com o ideário rocker fantasioso eternizado por seus “arquiinimigos” do Kiss ficam estampadas na face dos músicos, repletas de maquiagem, o que propicia uma cara muito própria à identidade visual da banda.

O quarteto está na ativa há seis anos e é formado por Daniel Iasbeck (vocal e guitarra), “Reverendo” Marcelo Rossi (baixo e vocal), Fábio Hoffman (guitarra e vocal) e agora conta com a presença da baterista Gabi Silvestre, que espanca as peles de forma a marmanjo algum botar defeito. Fizeram uma apresentação que privilegiou os melhores momentos da discografia da banda, que conta com quatro álbuns de estúdio (Estranhos no Ninho, Capítulo II, III e IV), uma coletânea (Arquivo) e dois DVDs (Ao vivo, ao morto e a cores e Em Ação).

Fomos saber o que uma divertida banda de rock'n roll acha da idéia de sempre comemorarmos o Dia do Rock em uma data especial, quase como um – cof, cof - “feriado nacional”. E quem fala é o guitarrista Fábio Hoffman, uma figuraça gente fina e com um visual tão impactante que até dispensaria os apetrechos de vestuário e de maquiagem munido apenas de sua presença de espírito. “É legal termos uma data para celebrarmos o rock e levantar cada vez mais a bandeira de nosso gênero preferido. Nossa opinião é de que, quanto mais gente comemorando o rock conosco nesta data oficial, melhor para todos nós: bandas, produtores, mídias, etc.”, arremata o guitarrista. Falou e disse...

Dentre os destaques da apresentação, podemos ressaltar “Meia Noite/Sexta-Feira”, petardo da estréia do Exxótica em disco, no álbum Estranhos no Ninho, de 2002. Mas também não podemos deixar de chamar a atenção para o ótimo tema instrumental “Python Regius”, trilha sonora do game Rocco Locco, inspirado no personagem do cartunista Márcio Baraldi.

Fecharam os trabalhos com um fiel cover do Kiss, reverência máxima do grupo, “Strutter”, uma prova de que em dia de comemoração um rock'n roll despretensioso e bem executado dá muito bem a conta do recado.

ORGÂNICA - Este grupo foi o responsável pelo set mais energético da primeira parte das comemorações deste III Dia do Rock no Multimidia Trade Center. E olha que vale lembrarmos de todas as atrações já esmiuçadas por aqui até agora. Também não é pra menos, repleta de veteranos do cenário roqueiro nacional, a banda surgiu em 2005 e desde então aborda em suas músicas temas que promovam reflexões e a adoção de posturas em prol da coletividade com enfoque em comportamento e realidade.

O quinteto é formado por Bacalhau (veterano baterista da cena roqueira que hoje também toca no Ultraje a Rigor, depois de passagens pelo Rumbora e Little Quail, entre outras bandas), Ortega (guitarra, também do Pavilhão 9), Cyro (baixo), Biu (guitarra) e Candyda (vocal). E fazem um som pesado pautado no punch hardcore que caracteriza a proposta da banda ao vivo. Vale ainda ressaltar que o quinteto pretende colocar em breve na ativa sua versão sexteto, com a inclusão do guitar hero Sérgio Serra (Ultraje a Rigor, ex-Telefone Gol, etc) no line-up do grupo.

O set deste iniciozinho de noite foi baseado nos dois EPs já lançados pela banda, um roteiro com o qual o Orgânica vem se destacando no cenário underground paulistano. O primeiro foi lançado no início de 2006 e conta com quatro faixas, já o segundo foi lançado em 2007 e contém apenas três faixas, mas que já são uma mostra das novas perspectivas artísticas do quinteto. Só que não pára por aí, pois o quinteto planeja debutar em seu primeiro álbum cheio qualquer dia desses e você fica sabendo por aqui...

Um grupo que conta com vários veteranos dispensa maiores apresentações e o mais interessante é o leitor ouvir o som do Orgânica (confira http://www.myspace.com/organicabr) ou mesmo vê-los ao vivo para tirar suas próprias conclusões. Vale destacar a postura de palco cascuda da vocalista Candyda que literalmente fica possessa durante as apresentações, sem que isso descambe de forma alguma à faceta caricata de uma performance rocker protolocar “da atitude pela atitude”. E ao que pareceu à todos nós, presentes neste III Dia Mundial do Rock, a mise-en-scène de palco do grupo apenas reforça a contundência dos temas abordados em suas canções.

Sobre a presença no evento organizado nesta data querida, a vocalista Candyda ressaltou “a possibilidade de celebrarmos o que há de genuíno no rock”. No que é complementada por Bacalhau, que declarou: “Antes mesmo de comemorarmos, a oportunidade é muito boa de lembrarmos que curtir rock é pesquisar, é também correr atrás de informações e sons de bandas novas e não ficarmos apenas consumindo o que já é massificado pelo jabá”, arremata o baterista, profissional calejado pela experiência de anos e anos trabalhando como músico nos vários projetos aos quais já se engajou até hoje.

E não é coincidência este ser um tema abordado em um dos melhores retratos sonoros do grupo apresentados nesta noite: a canção “Rádio Estéril” fala da arraigada cultura do jabá e do quanto isso prejudica o próprio prosseguimento das empreitadas musicais aqui neste país historicamente tão afeito à monocultura. Outro destaque do repertório do Orgânica é a paulada “Quase Vulnerável” que à primeira audição parece exemplificar muito bem as propostas sonoras do grupo: um som de guitarras bem moderno misturado a uma postura punk combativa, amparados por uma cozinha capitaneada por um baterista fora-de-série e um baixista que cria tramas de graves que amarram muito bem o instrumental forte, pesado e coeso do quinteto.

III DIA MUNDIAL DO ROCK NO MMTC / PARTE II - Já a segunda parte das comemorações no Multimídia Trade Center foi pautada por um clima de jam session generalizada. Setenta músicos que nunca tocaram juntos, entre instrumentistas renomados em seus segmentos e anônimos talentosos prestes a emergirem do limbo, subiram ao palco nas mais variadas e improváveis combinações para fecharem as comemorações em grande estilo.

Antes disso, o DJ Miranda tocou alguma coisa de disco-punk e outras tantas de rock alternativo dançante em um set enquanto a multidão se transferia do 2º Piso, onde rolou a primeira parte da programação, e ainda lotava as dependências do local para curtir rock'n roll da pesada com palco, som e luz de primeira qualidade. Não é de duvidar se futuramente o local passar a integrar o rol das boas casas de espetáculos, infraestrutura é o que não falta...

Voltemos à festa, porém, em se tratando de critérios informativos, aqui seria humanamente quase impossível enumerar todos os line-up de cada uma das bandas instantâneas que subiram ao grande palco do 4º Piso do MMTC. Mas dá para resumir um pouco do que rolou nesta segunda parte. Integrantes do Korzus, Ratos de Porão, Orgânica, Motores, dentre várias outras formações participaram das quilométricas jam sessions em releituras de clássicos de Ozzy Osbourne, Sick of it All, Van Halen, T.Rex, Ramones, AC/DC, Queen, Pink Floyd, Iron Maiden, Metallica em uma lista interminável de artistas celebrados em releituras pelas bandas formadas exclusivamente para a ocasião.

Enfim, nada mal para uma comemoração digna de nosso gênero predileto!

Mas espere, ainda faltou falarmos de outros assuntos! Então, aguarde, pois amanhã publicaremos aqui em O SOM DA MÚSICA mais algumas informações sobre o III DIA MUNDIAL DO ROCK no MULTIMÍDIA TRADE CENTER. Ou melhor: mais algumas informações, não! A versão upgrade deste texto!!!!!!

CONTINUA...

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