NOSSA BANDA PODE SER NOSSA VIDA XII
Lo Vale Della Luna
Vale Lunar é um texto inspirado em uma leitura que refiz do clássico Howl. Seu autor é explicitamente homenageado com alegorias estéticas no formato do texto e principalmente em determinado trecho da letra. Misturei essa vontade de escrever uma prosa poética desenfreada ao modo de escrita com o qual um certo autor indiano re-elaborou um texto do ancestral panteão dos clássicos da cultura pop, refiro-me mais precisamente à versão cinematográfica desta mesma obra que lhe serviu de inspiração.
Foi uma brincadeira com linguagem que fiz com a intenção de misturar polaridades em um mesmo tema. A grosso modo, é a inteligência perambulando por um universo idiotizado, medíocre ou mesmo de uma estereotipada doçura se aventurando em um universo de filha-da-putagem geral e irrestrita. Tem a ver com os demais temas por causa dessa interpolação de universos antagônicos, a fim de creditar ao tema certo sentido mais amplo.
Conforme já mencionei em algum lugar deste blog, o tema musical original surgiu em uma jam que eu, Arthur e Daniel fizemos em um estúdio da zona sul carioca. Prefiro me referir vagamente como “tema musical original”, pois na verdade existem somente algumas passagens que sempre tocamos da mesma forma: o restante da música descamba para o improviso geral e sem amarras. E este tema embrionário começou a surgir enquanto eu afinava a guitarra, o Daniel batucava um pouco e o Arthur tirava de ouvido uma linha de baixo. Havíamos inicialmente planejado tocar “Azure” e acabou saindo um improviso muito esquisito, mais afeito aos rumos sonoros que adotaríamos em diante. Tenho isso no registro em K7 desta referida sessão de ensaio.
A letra eu comecei a pensar como uma espécie de continuação ao texto de “Luna”. Cheguei até a cantarolar o início do texto várias vezes por cima da harmonia da parte final instrumental da música. Os vocais originalmente só aparecem até determinado trecho de “Luna” e, a partir das mudanças de andamento de compasso ternário para quaternário, achei que poderia ser interessante uma letra do tipo “à lua canta o maldito...”. Um dia peguei meus rabiscos e fiz a metade da letra, a parte final rolou depois. Como não achei interessante fazer a narrativa ficcional em cima de um personagem cagando goma de maldito, pensei que seria bacana esculhambar o lance, ao colocar a ingenuidade dialogando com o teor mais casca-grossa da bagaça.
O ensaio que deu origem ao tema musical embrionário (putz, mas quanta cerimônia!) rolou lá por meados de 2004, logo depois rolou uma pausa nossa por questões diversas e só voltaríamos a tocar juntos pouco antes de minhas férias no trabalho em 2005, a fim de aproveitar os primeiros dias de folga para gravarmos as sessões que se tornaram o que denominamos como Hanói Sessions. E posso dizer hoje que, se eu não tivesse dado a idéia de gravarmos o improviso original em fita K7 - na minha opinião a melhor versão da música, com quase vinte minutos de barulho de uma galera que estava há muito tempo sem tocar -, provavelmente não voltaríamos ao tema posteriormente, apesar de ser uma levada simples, de poucos acordes.
Depois que finalizei a letra, fiquei alguns meses sem saber como chamar esta música. Mas certo dia pela manhã, assisti na tevê a um documentário sobre uma praia deserta em algum recanto do planeta e fiquei prestando atenção ao que rolava na tela. O nome do lugar, pelo menos, conforme mencionado no tal programa era “Lo Vale Della Luna”. E como sempre gostei de títulos aleatórios como nome de músicas, achei legal batizar a música com esse nome, tendo em vista que uma das músicas já se chamava “Luna”.
Isso mostra o quanto somos metidos-a-besta, mas sinceramente acho muito legal temas com nomes inusitados. Boa parte de minhas músicas prediletas na história da música foram batizadas assim, de forma enviesada. Também é enviesada a aparição de uma trilha sonora da jornada da inteligência perambulando por um universo idiotizado, medíocre ou da estereotipada doçura se aventurando em um universo de filha-da-putagem geral e irrestrita. Uma certa ênfase na discografia da fase inicial do Black Sabbath dá as caras na canção, norteando a narração em meio a uma outra referência musical mais recente. É como se fosse um filme B, recheado de imagens do cotidiano marginal de uma cidade, mas sem atribuições de moral. Apenas um vislumbre do olhar pela tela.
Até o momento, ainda não gravei os vocais definitivos de “Lo Vale Della Luna”, portanto nenhuma das versões até agora dispostas na web chega perto do que o tema vislumbra. Estão muito longe de serem "definitivas". Na ocasião de nossa segunda sessão de gravação isso era para ter sido sanado, mas não o foi, pois o canal de guitarra gravado ao vivo simplesmente foi para a casa do caralho devido a um problema técnico, acredito eu, no estúdio que alugamos. Havia chovido no local e a parte de fiação elétrica do estúdio estava precária, o que nos fez perder parte do que graváramos em multitrack. E como é um tema improvisado, mesmo que eu tirasse de ouvido todas as guitarradas que fiz, o que de fato aconteceu, perder-se-ia um certo tom caótico que só mesmo um improviso é capaz de enfatizar. Vale ressaltar que o mesmo problema aconteceu com “Luna” (me refiro à segunda gravação, nas Sal Grosso Tapes, e não à versão registrada nas Hanói Sessions - que poderia ter se tornado nossa gravação multitrack do tema mais próxima ao ideal que vislumbramos) e com “Masquerade”. Vale ressaltar que em nenhum momento, pensamos em gravar os temas no SACAL formato instrumental... Mas volta e meia, também penso que seria bacana implementarmos uma versão mais hardcore da música, absolutamente BERRADA!
Texto de Marcus Marçal. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.
Vale Lunar é um texto inspirado em uma leitura que refiz do clássico Howl. Seu autor é explicitamente homenageado com alegorias estéticas no formato do texto e principalmente em determinado trecho da letra. Misturei essa vontade de escrever uma prosa poética desenfreada ao modo de escrita com o qual um certo autor indiano re-elaborou um texto do ancestral panteão dos clássicos da cultura pop, refiro-me mais precisamente à versão cinematográfica desta mesma obra que lhe serviu de inspiração.
Foi uma brincadeira com linguagem que fiz com a intenção de misturar polaridades em um mesmo tema. A grosso modo, é a inteligência perambulando por um universo idiotizado, medíocre ou mesmo de uma estereotipada doçura se aventurando em um universo de filha-da-putagem geral e irrestrita. Tem a ver com os demais temas por causa dessa interpolação de universos antagônicos, a fim de creditar ao tema certo sentido mais amplo.
Conforme já mencionei em algum lugar deste blog, o tema musical original surgiu em uma jam que eu, Arthur e Daniel fizemos em um estúdio da zona sul carioca. Prefiro me referir vagamente como “tema musical original”, pois na verdade existem somente algumas passagens que sempre tocamos da mesma forma: o restante da música descamba para o improviso geral e sem amarras. E este tema embrionário começou a surgir enquanto eu afinava a guitarra, o Daniel batucava um pouco e o Arthur tirava de ouvido uma linha de baixo. Havíamos inicialmente planejado tocar “Azure” e acabou saindo um improviso muito esquisito, mais afeito aos rumos sonoros que adotaríamos em diante. Tenho isso no registro em K7 desta referida sessão de ensaio.
A letra eu comecei a pensar como uma espécie de continuação ao texto de “Luna”. Cheguei até a cantarolar o início do texto várias vezes por cima da harmonia da parte final instrumental da música. Os vocais originalmente só aparecem até determinado trecho de “Luna” e, a partir das mudanças de andamento de compasso ternário para quaternário, achei que poderia ser interessante uma letra do tipo “à lua canta o maldito...”. Um dia peguei meus rabiscos e fiz a metade da letra, a parte final rolou depois. Como não achei interessante fazer a narrativa ficcional em cima de um personagem cagando goma de maldito, pensei que seria bacana esculhambar o lance, ao colocar a ingenuidade dialogando com o teor mais casca-grossa da bagaça.
O ensaio que deu origem ao tema musical embrionário (putz, mas quanta cerimônia!) rolou lá por meados de 2004, logo depois rolou uma pausa nossa por questões diversas e só voltaríamos a tocar juntos pouco antes de minhas férias no trabalho em 2005, a fim de aproveitar os primeiros dias de folga para gravarmos as sessões que se tornaram o que denominamos como Hanói Sessions. E posso dizer hoje que, se eu não tivesse dado a idéia de gravarmos o improviso original em fita K7 - na minha opinião a melhor versão da música, com quase vinte minutos de barulho de uma galera que estava há muito tempo sem tocar -, provavelmente não voltaríamos ao tema posteriormente, apesar de ser uma levada simples, de poucos acordes.
Depois que finalizei a letra, fiquei alguns meses sem saber como chamar esta música. Mas certo dia pela manhã, assisti na tevê a um documentário sobre uma praia deserta em algum recanto do planeta e fiquei prestando atenção ao que rolava na tela. O nome do lugar, pelo menos, conforme mencionado no tal programa era “Lo Vale Della Luna”. E como sempre gostei de títulos aleatórios como nome de músicas, achei legal batizar a música com esse nome, tendo em vista que uma das músicas já se chamava “Luna”.
Isso mostra o quanto somos metidos-a-besta, mas sinceramente acho muito legal temas com nomes inusitados. Boa parte de minhas músicas prediletas na história da música foram batizadas assim, de forma enviesada. Também é enviesada a aparição de uma trilha sonora da jornada da inteligência perambulando por um universo idiotizado, medíocre ou da estereotipada doçura se aventurando em um universo de filha-da-putagem geral e irrestrita. Uma certa ênfase na discografia da fase inicial do Black Sabbath dá as caras na canção, norteando a narração em meio a uma outra referência musical mais recente. É como se fosse um filme B, recheado de imagens do cotidiano marginal de uma cidade, mas sem atribuições de moral. Apenas um vislumbre do olhar pela tela.
Até o momento, ainda não gravei os vocais definitivos de “Lo Vale Della Luna”, portanto nenhuma das versões até agora dispostas na web chega perto do que o tema vislumbra. Estão muito longe de serem "definitivas". Na ocasião de nossa segunda sessão de gravação isso era para ter sido sanado, mas não o foi, pois o canal de guitarra gravado ao vivo simplesmente foi para a casa do caralho devido a um problema técnico, acredito eu, no estúdio que alugamos. Havia chovido no local e a parte de fiação elétrica do estúdio estava precária, o que nos fez perder parte do que graváramos em multitrack. E como é um tema improvisado, mesmo que eu tirasse de ouvido todas as guitarradas que fiz, o que de fato aconteceu, perder-se-ia um certo tom caótico que só mesmo um improviso é capaz de enfatizar. Vale ressaltar que o mesmo problema aconteceu com “Luna” (me refiro à segunda gravação, nas Sal Grosso Tapes, e não à versão registrada nas Hanói Sessions - que poderia ter se tornado nossa gravação multitrack do tema mais próxima ao ideal que vislumbramos) e com “Masquerade”. Vale ressaltar que em nenhum momento, pensamos em gravar os temas no SACAL formato instrumental... Mas volta e meia, também penso que seria bacana implementarmos uma versão mais hardcore da música, absolutamente BERRADA!
Texto de Marcus Marçal. Não é permitida a reprodução deste texto de forma alguma sem permissão prévia, seja em sua forma integral ou parcial. Por favor, contate-me antes via email.
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